Com "um pé" à direita e outro à esquerda. Pedro Nuno critica "ambiguidade" do PAN
Pedro Nuno Santos pediu ainda a Montenegro que se "reconcilie com a verdade" sobre o corte de pensões pelo PS.
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Ora à esquerda, ora à direita, Pedro Nuno Santos “não sabe bem o que significa” o posicionamento do PAN quanto à estratégia de coligações e cola Inês Sousa Real à direita em matéria fiscal. O suporte do PAN ao Governo de Miguel Albuquerque, na Madeira, foi justificado por Inês Sousa Real pela inexistência de touradas na região.
No debate que colocou frente a frente Inês Sousa Real e Pedro Nuno Santos, a caminho das eleições legislativas de 10 de março, Pedro Nuno Santos lembrou que o Governo socialista aprovou várias propostas do PAN ao longo das últimas legislaturas. Mas a conversa fugiu para a Madeira.
“Não deixa de ser curiosa a ambiguidade do PAN em relação ao centro-esquerda e ao centro-direita”, atirou Pedro Nuno Santos, recebendo a resposta de que o PAN “é de centro progressista”.
O secretário-geral do PS admite que “não sabe o que significa” centro progressista e lembra que o PS “reconhece e quer combater a emergência climática” ao contrário da Aliança Democrática que “tem partidos como o CDS e o PPM que estão nos antípodas do PAN”.
“Nunca consegui perceber este jogo em que o PAN está com um pé num lado e um pé no outro”, acrescentou.
Com um pé na Madeira, em apoio ao PSD, Inês Sousa Real explicou que “na Madeira não há touradas”: “Não nos podemos esquecer”. Um dos “grandes desígnios” do PAN para a próxima legislatura é proibir o financiamento público à tauromaquia.
“Terá de haver um compromisso de quem ficar à frente. Já reconhecemos que a AD não tem condições e não faz um exercício do século XXI trazendo Nuno Melo e Gonçalo da Câmara Pereira”, sustentou.
Pedro Nuno Santos colou ainda o PAN à direita no que toca à redução da carga fiscal, reforçando que a redução do IRC “não pode ser feita às cegas” como propõe Inês Sousa Real. O PAN promete uma redução do IRC para os 17% para as pequenas e médias empresas.
"Boicotamos o nosso próprio desenvolvimento"
Também o lítio e o hidrogénio afastaram os dois líderes partidários, com o Data Center de Sines, que esteve no centro da polémica que levou à queda do Governo, a surgir no debate. Pedro Nuno Santos pede que “não se boicote o desenvolvimento do país”, já Inês Sousa Real diz que o progresso só pode ser feito tendo em conta o ambiente.
“O que é fundamental é que se cumpra a lei e que se respeite o ambiente. Devemos aproveitar as oportunidades para o país se desenvolver. Estamos sempre a queixar-nos que temos um país pobre, mas boicotamos o nosso próprio desenvolvimento”, disse o líder do PS.
Inês Sousa Real garante que “não é contra o progresso”, mas o desenvolvimento “tem de ser feito com sensatez” para “não colocar em causa valores ambientais relevantes para a população”.
Pedro Nuno pede a Montenegro “reconciliação com a verdade”
Pedro Nuno Santos aproveitou ainda para responder a Luís Montenegro, que na sexta-feira afirmou que “só o PS cortou nas pensões”. O secretário-geral socialista aconselha o PSD “a reconciliar-se com a verdade”, antes de tentar dar a mão aos pensionistas.
“O Governo do PS não fez nenhum corte de pensões. Percebo que o líder do PSD se queira reconciliar com os pensionistas, mas antes tem de se reconciliar com a verdade”, pediu.
Na apresentação do programa eleitoral da AD, Luís Montenegro argumentou que o PS “cortou mil milhões de euros” aos pensionistas, alegando que “foi o único corte de pensões” de um Governo.