Comemorações do 25 de Novembro: Livre "encosta" PSD à extrema-direita, CDS fala em "concretização" de Abril
O tema esteve em debate esta quarta-feira no Fórum TSF e dividiu posições entre partidos
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O 25 de Novembro vai ter direito a uma sessão solene na Assembleia da República. É uma proposta dos centristas - aprovada pelo PSD, Chega, IL e CDS - que está a gerar polémica e que, para o Livre, não passa de uma tentativa "oportunista" da direita conservadora para diminuir a relevância histórica do 25 de Abril. Já para o CDS, a comemoração serve para celebrar a democracia e a ideia não passa por colocar as duas datas no mesmo plano. O tema esteve em debate esta quarta-feira no Fórum TSF e dividiu posições.
"O Livre considera que o PSD cedeu à exigência do CDS fazendo esta comemoração e, na verdade, encosta-o à extrema-direita", começou por considerar a deputada do Livre Filipa Pinto, sublinhando que "não faz sentido sequer a direita conservadora estar a reclamar uma data com a qual nada teve a ver".
Filipa Pinto defendeu que há uma "tentativa inqualificável de diminuir a relevância histórica do 25 de Abril" e recuperou palavras de Ramalho Eanes, já que "estas datas não se celebram, recordam-se".
Apesar de opor-se "ao uso do 25 de Novembro como arma de arremesso político", o Livre vai na mesma estar presente na sessão solene da próxima semana no Parlamento.
Já o deputado do CDS João Almeida insistiu que o Governo está apenas a "dar a dignidade que o 25 de Novembro merece", não desvalorizando o papel "central, importantíssimo e decisivo" do 25 de Abril na democracia portuguesa.
Para João Almeida, Novembro representa a "concretização" de Abril.
Ouvida também no Fórum TSF, a historiadora Irene Pimentel lamentou a "série de falsidades" que alguns deputados dizem sobre o 25 de Novembro, considerando que a data deve ser estudada.
"Ergo-me contra a manipulação de políticos que utilizam o 25 de Novembro para defenderem a opção política da atualidade."
Há 49 anos, no dia 25 de Novembro, cerca de mil paraquedistas da Base Escola de Tancos ocuparam o Comando da Região Aérea de Monsanto e seis bases aéreas, ato que um grupo de militares da ala moderada do Movimento das Forças Armadas considerou o indício de que poderia estar em preparação um golpe de Estado pela chamada esquerda militar.
A tentativa de sublevação da extrema-esquerda foi travada pelo regimento de comandos da Amadora, sob a direção do então tenente-coronel Ramalho Eanes, futuro Presidente da República.
A sessão para evocar o 25 de Novembro de 1975 na Assembleia da República terá honras militares pelas Forças Armadas e decorrerá em moldes semelhantes à sessão solene que assinala todos os anos a revolução de 25 de Abril de 1974. O antigo Presidente da República Ramalho Eanes aceitou o convite do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e estará presente na sessão.
Os grupos parlamentares usarão da palavra - o PCP já fez saber que não participará - e o Presidente da República discursa no final, depois da intervenção do presidente da Assembleia da República.
A Associação 25 de Abril, presidida por Vasco Lourenço, recusou o convite para estar presente por considerar que a sessão representa uma "clara deturpação dos acontecimentos vividos" na caminhada do MFA.
