"Como é que a gente vota?" Cinquenta anos depois das primeiras eleições livres, Helena Roseta recorda "curso acelerado de democracia"
Na TSF, Helena Roseta, uma das raras mulheres eleitas para a Constituinte, recorda os dias de “aprendizagem” em que, com outros políticos, percorreu o país. Eles queriam falar de política, mas, do outro lado, a população com elevados índices de analfabetismo queria saber detalhes práticos sobre a votação
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Há 50 anos, nas primeiras eleições livres com sufrágio universal, 92% dos eleitores portugueses votaram para eleger a Assembleia Constituinte. O dia foi de “festa” pelo meio de uma intensa agitação política e social.
Helena Roseta militava no PPD e, ao lado do marido, Pedro Roseta, percorreu o país em sessões de esclarecimento numa intensa campanha antes das eleições.
“O que eu recordo mesmo é um ano intensíssimo em que eu tive o privilégio de conhecer o país. Nós íamos de Lisboa, muitas vezes também havia grupos que iam do Porto, ou de outros sítios e tínhamos que explicar o que é que era uma Constituição, o que é que eram os diferentes partidos e a pergunta que as pessoas faziam nas sessões sistematicamente era: 'Mas, como é que a gente vota? Como é que eu voto?' Era a grande dúvida porque havia analfabetismo no país”, recorda a antiga deputada constituinte.
"Havia uma grande curiosidade, uma grande vontade de participar e uma grande vontade de perceber as coisas em concreto e, portanto, para nós, foi, foi uma aprendizagem enorme", explica Helena Roseta.
Cinquenta anos depois das primeiras eleições livres e universais em Portugal, Helena Roseta sublinha o poder do voto, lembrando que "para deitar abaixo uma ditadura é preciso uma revolução, mas para deitar abaixo um Governo basta o voto dos cidadãos".