Eventual condenação de ex-governantes poderia ditar moção de censura ao Governo PS?

almoços grátis Luís Montenegro
Ana António/TSF
A questão é hipotética e levantada por Luís Montenegro no programa da TSF Almoços Grátis. O que é correto em Espanha também o seria em Portugal?
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Luís Montenegro diz que a moção de censura apresentada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) no parlamento espanhol, que levou à queda do governo de Rajoy, abre um precedente que pode ter paralelo com um cenário eventual em Portugal.
"Imagine-se que num futuro próximo dirigentes ligados a governos anteriores do Partido Socialista são condenados por crimes de corrupção, ou similares, no âmbito da responsabilização por atos no exercício de funções políticas e públicas. Isso, por si só, devia ditar a aprovação de uma moção de censura no Governo português para deitar abaixo o governo do PS?", questiona.
"Considerar que o julgamento relativamente a alguns agentes políticos enquadrados num contexto partidário e tirar daí um efeito político-governativo parece-me perigoso", assumiu o social-democrata no programa "Almoços Grátis" da TSF,
"É admissível que aqueles que acham que isto é bom em Espanha, achem que seja mau em Portugal?", indaga novamente, sem mencionar casos específicos ou nomes de antigos governantes passíveis de enquadrar este exemplo, como seria o caso de José Sócrates.
Carlos César lembra, por sua vez, que não só a decisão judicial que associa o Partido Popular (PP) a uma rede de corrupção ditou a queda do governo de Mariano Rajoy.
"O governo espanhol não caiu só por causa dos processos de corrupção. Caiu porque não tinha maioria. Caiu por causa disso e porque a situação do ponto de vista político se degradou imenso. Basta olhar para as sondagens", defende.
No seguimento do debate a propósito das várias crises políticas no sul da Europa, em Espanha, Itália e Grécia, Luís Montenegro traça outro paralelo: "o que é que move todos estes governos, todos estes partidos? O poder por si só"
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"Aquilo que se passou em Portugal não é uma questão de sofreguidão de poder", responde Carlos César.
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Os socialistas procuraram ser uma alternativa às políticas do anterior governo, "uma posição nobre e normal no exercício das dinâmicas políticas e pluralistas", e procuraram por isso estabelecer acordo políticos, pelo que "não é adequado acusar" estes partidos de avidez de poder.
Luís Montenegro alerta ainda para uma "preocupação adicional" no caso da Espanha, uma vez que se trata do principal parceiro comercial de Portugal.
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"É inevitável a consequência na economia portuguesa de uma crise política, financeira ou económica do lado de lá da fronteira", considera.
Com Nuno Domingues