Congresso do Livre. BE quer esquerda "pronta para governar" e PCP admite acordo em "causas e soluções"
O eurodeputado do BE José Gusmão disse que "não faz sentido agora estar a negociar um Governo futuro". Pelo PCP, o dirigente Armindo Miranda admitiu uma convergência à esquerda
Corpo do artigo
O BE defendeu este domingo que a esquerda tem de estar "pronta para governar" quando "os portugueses quiserem", enquanto o PCP admitiu convergências desde que haja acordo em relação "às causas e às soluções".
No final da sessão de encerramento Congresso do Livre, que decorreu este fim de semana na Costa de Caparica, o eurodeputado BE José Gusmão, que se recandidata às próximas eleições, foi questionado pelos jornalistas se concorda com a visão do deputado e dirigente Rui Tavares, de que o partido deve estar "preparado para governar".
"Acho que todas as forças políticas da esquerda têm de estar prontas para governar, para mudar o país, para constituir uma alternativa", afirmou Gusmão, recordando que o BE, a seguir às legislativas, promoveu reuniões com todos os partidos à esquerda para discutir convergências.
Questionado sobre o ponto dessas negociações, José Gusmão disse que "não faz sentido agora estar a negociar um Governo futuro", mas partilhar "perspetivas sobre propostas e convergências em torno de problemas específicos", até ao nível do parlamento, como se passa com a discussão na especialidade dos diplomas sobre a redução do IRS.
"É importante que a esquerda esteja disponível para discutir alternativas quando os portugueses assim quiserem, é importante que, quando voltarmos a eleições, seja isso quando for, a esquerda esteja disponível para essa alternativa", reforçou.
Pelo PCP, o dirigente Armindo Miranda admitiu uma convergência à esquerda, desde que haja concordância quanto "aos termos de acordo em relação às causas e, acima de tudo, às soluções".
"Quando se coloca a convergência à esquerda, tem de se perguntar para quê e para fazer o quê, essa é a questão de fundo", afirmou.
Para o PCP, alterar "a forma desumana e cruel" como atualmente considera estar a ser distribuída a riqueza deve estar no topo das prioridades, a par do aumento da produção nacional.
A IL esteve também representada na sessão de encerramento do Congresso do Livre e o membro da direção André Abrantes Amaral salientou que o seu partido "sempre esteve contra a extrema-direita, tal como sempre esteve contra a extrema-esquerda".
"Qualquer partido pode contar connosco na luta contra o fascismo, como na luta contra o comunismo", disse.
O dirigente da IL disse ainda ter visto no Congresso do Livre, tal como nos últimos meses, sinais de que o partido se tem afastado de um rumo mais moderado.
"Não se esqueceu da lógica marxista que ainda marca muitos partidos portugueses - com exceção da IL - em que vê sempre o ganho de uns com outros a perderem, isso nem sempre é verdade. A Europa, a democracia portuguesa, o Ocidente, estão a enfrentar vários desafios que jamais se resolverão com entraves aos direitos e liberdades individuais", referiu.