"Conjunto sequencial de trapalhadas." Pedro Nuno diz que anúncio das PPP é uma forma de o Governo "assumir incompetência"
O líder dos socialistas entende que a forma como o Executivo liderado por Luís Montenegro tem lidado com a crise no setor da saúde tem "aumentado a insegurança dos portugueses no que diz respeito ao SNS"
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O secretário-geral do PS denuncia aquilo que considera ser um "conjunto sequencial de trapalhadas" cometidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e sublinha que o "problema central" é a incapacidade de "contratar e reter médicos". Pedro Nuno Santos vai mais longe e confessa que "não leva a sério" o anúncio da aprovação de Parcerias Público-Privadas (PPP) para cinco hospitais.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita às instalações do novo Hospital de Sintra, Pedro Nuno Santos é taxativo nas críticas ao Governo e desde logo à ministra da Saúde, Ana Paula Martins: "A saúde é uma área prioritária e fundamental. É uma área onde o Governo falhou em toda a linha. E hoje já ninguém tem dúvidas sobre isso."
O líder dos socialistas afirma que Portugal assistiu "nos últimos dez meses a um conjunto sequencial de trapalhadas" e enumera.
"Desde logo, trapalhadas na contratação dos médicos, trapalhadas na gestão das urgências de obstetrícia e ginecologia e trapalhadas na gestão da greve do INEM", atira.
Sobre o anúncio das PPP, sublinha que "não é para voltar atrás" com um eventual Governo do PS porque "não houve andar para a frente nenhum" e acusa a ministra da Saúde de "fazer uma fuga para a frente". Considera mesmo que esta foi uma forma de o Ministério e o Executivo tentarem "esconder a sua incompetência" na gestão do setor.
"Não conseguindo resolver estes problemas, é uma forma de dizer ao país que o problema no SNS se resolve entregando a gestão a privados. (...) Este Governo anuncia conjunto amplo de PPP sem um estudo que a justifique. Não levamos a sério esse anúncio", confessa.
Reforça, por isso, que a "gestão dos hospitais" não é um problema. Antes, o "problema central do SNS é a falta de médicos e a incapacidade de recrutar e reter estes profissionais".
Defende, por isso, que a forma como o Executivo liderado por Luís Montenegro tem lidado com a crise no setor da saúde tem "aumentado a insegurança dos portugueses no que diz respeito ao SNS".
Sobre o alerta feito esta terça-feira pelo movimento Médicos em Luta de que o fecho de urgências "vai piorar" em abril, Pedro Nuno Santos considera que tal só acontece porque o SNS recorre de forma recorrente à "prestação de serviços" e tem uma "percentagem cada vez menor" de médicos no quadro. A fatura destas decisões, refere, é pesada.
"É preciso dar condições atrativas para recrutar e reter médicos. Precisamos de uma carreira de exclusividade, bem remunerada e voluntária", defende. Reconhece ainda que é "muito difícil" gerir um hospital com "uma percentagem tão grande de médicos em prestação de serviços" e acusa Ana Paula Martins de não ter elaborado qualquer "estratégia" para resolver um problema, que tem de ser "enfrentado de frente".
O líder dos socialistas nota ainda que a construção das novas instalações do Hospital de Sintra, com recurso a financiamento da Câmara, no valor de 60 milhões de euros, "diz muito da forma como o PS gere autarquias". Ainda assim, assegura que esta "deve ser uma responsabilidade da administração central".