"Consensos." A palavra escolhida por Aguiar-Branco em apelo aos partidos políticos
Numa conferência internacional sobre proteção de dados, a segunda figura do Estado lembrou o momento em que recusou censurar o Chega
Corpo do artigo
A palavra-chave para José Pedro Aguiar-Branco é “consensos”. O presidente da Assembleia da República apela aos partidos que cheguem a consensos e dialoguem para “enfrentar o futuro”. Devem, também, evitar “divisões no Parlamento” em matérias consensuais.
Numa conferência internacional sobre proteção de dados, que decorreu no Parlamento, José Pedro Aguiar Branco fugiu ao tema. Lembrou ainda o momento em que recusou censurar o Chega, garantindo que vai manter a postura.
“Para enfrentar o futuro, precisamos novamente de gerar consensos. Temas que, na sociedade, são consensuais não devem, no Parlamento, ser foco de divisões, mais ou menos artificiais. Nem devem ficar bloqueados por falta de diálogo”, sublinhou.
As palavras da segunda figura do Estado surgem um dia depois de Luís Montenegro ter desafiado PS e Chega a “juntarem-se ao Governo para decidir bem” pelo país. O repto é agora repetido por José Pedro Aguiar-Branco, que pede também “um diálogo sério”.
“Precisamos de criar novos consensos. Sobre a proteção da infância na internet. Sobre a literacia digital. Sobre a privacidade e os direitos que dela decorrem. Sobre o combate à discriminação nos meios digitais. Sobre as redes sociais e a democracia, salvaguardando sempre a liberdade de expressão”, atirou.
Neste ponto, o presidente da Assembleia da República recuou a 17 de maio, quando recusou “censurar” o Chega, nomeadamente, André Ventura, que se dirigiu ao povo turco. É tudo “liberdade de expressão”.
“Há pouco tempo tive uma referência a esse propósito. A forma direta, seca e rápida como me exprimi é fruto e resultado de uma maneira de estar no mundo em que, para mim, o bem maior da liberdade de expressão tem de ser preservado”, atirou.
André Ventura chamou “preguiçosos” ao povo turco, recordando a construção em menos de dez anos do aeroporto da capital. José Pedro Aguiar Branco garantiu, depois de questionado pela bancada do PS, que até podia ter dito que “eram mais burros”.
Uma coisa é certa: o presidente da Assembleia da República não vai censurar ninguém, porque “quando nos atrevermos a uma limitaçãozinha podemos estar a entrar num mundo que nos leva a exercícios de censura”.