Contaminação Sócrates? PS quis "atenuar efeitos negativos sobre a democracia"
Porque é que tantos dirigentes socialistas se manifestaram esta semana a propósito das acusações que recaem sobre José Sócrates? "Não para se livrarem de uma contaminação", garantiu Carlos César na TSF.
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Após anos de silêncio sobre as acusações que recaem sobre José Sócrates, depois de Carlos César ter dito na TSF que, a confirmarem-se as suspeitas, os socialistas se sentiram envergonhados, vários socialistas manifestaram na última semana a mesma opinião.
O que mudou no discurso de quem até agora insistia em separar as águas entre justiça e política? Na opinião de Luís Montenegro, uma de duas coisas:
"Ou estas pessoas no PS sempre pensaram isto e nunca tiveram coragem de o dizer, ou achavam que não era politicamente oportuno dizê-lo [...] ou nunca raciocinaram nestes termos e agora, de uma forma oportunista, aproveitaram a vulnerabilidade criada pelo caso Manuel Pinho, e pelo seu silêncio, para, acorrentados a isso, virem desvincular o PS de comportamentos que, a confirmarem-se, são de facto muito graves".
Seja qual for o caso, são dois "comportamentos condenáveis", defendeu o social-democrata no programa da TSF "Almoços Grátis".
Carlos César sai em defesa dos colegas de partido. "Os dirigentes socialistas não fizeram estas declarações para se livrarem de uma contaminação", mas sim "para atenuar os efeitos negativos, perniciosos, que uma suspeição, um clima desta natureza, recai sobre a democracia".
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"Até há uns dias atrás a pergunta era 'porque não falam', agora a pergunta é 'porque falaram?'. Há sempre uma forma de criticar", condenou o líder parlamentar socialista.
Não, algo mudou, insiste Luís Montenegro. "Até aqui nunca ninguém tinha dito de forma tão clara e evidente aquilo que o Carlos César e outros dirigentes disseram", nem é "indiferente um ex-secretário geral do PS ter entregado o seu cartão" de militante, disse, referindo-se a José Sócrates.
Com Anselmo Crespo e Nuno Domingues