Costa confiante na queda da extrema-direita, rejeita que Justiça entre na campanha

Pedro Rocha/Global Imagens
Numa entrevista ao La Vanguardia, o primeiro-ministro mostra-se convicto de que o Governo que sair das eleições de 10 de março não vai ficar dependente da extrema-direita. António Costa defende uma campanha eleitoral afastada de questões judiciais.
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A semanas de deixar o cargo de primeiro-ministro, António Costa reforçou que está de "consciência tranquila" e que ter apresentado a demissão, após ter sido envolvido na Operação Influencer, traduz um "importante" traço da democracia: "Ninguém está acima da lei e um primeiro-ministro também pode ser investigado."
Numa entrevista ao jornal espanhol La Vangardia, António Costa disse que o sistema judicial português sofreu um reforço que permitiu acelerar muitos processos, rejeitando qualquer problema. No entanto, acrescentou, "hoje em dia é difícil compatibilizar o que são os princípios teóricos da justiça e a prática do nosso sistema de comunicação".
Para o primeiro-ministro demissionário, a presunção da inocência pode ser colocada em causa e as pessoas deviam compreender que "o tempo da Justiça é outro", não confundindo "o início de uma investigação com uma condenação".
"Estou de consciência tranquila e a aguardar a decisão final. Quando a Justiça quiser discutir comigo sabe onde estou", sublinhou, insistindo que a problemas judiciais devem ser um tema não chamado para cima da mesa em período de campanha eleitoral.
"O crescimento da extrema-direita vai abrandar"
Na mesma entrevista ao jornal espanhol, António Costa foi questionado sobre o futuro Governo, tendo admito que "ainda é muito cedo" para antecipar cenários". A única convicção de António Costa é que "à medida que nos aproximamos das eleições, o crescimento da extrema-direita vai abrandar" e, por isso, questionado se uma solução governativa vai depender do voto do Chega, respondeu: "Acredito que isso não vai acontecer."
"O populismo cresceu. O problema é que os populistas têm soluções fáceis nas palavras", disse.
Em 7 de novembro do ano passado, o Ministério Público tornou pública uma investigação relacionada com a construção de um centro de dados na zona industrial e logística de Sines pela sociedade Start Campus, com a exploração de lítio em Montalegre e Boticas e com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines. Este caso envolveu 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado, os administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas.
O primeiro-ministro, António Costa, que surgiu associado a este caso, foi alvo da abertura de um inquérito no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão, tendo o Presidente da República marcado eleições antecipadas para 10 de março de 2024.