Em entrevista ao DN, o primeiro-ministro diz que o combate aos fogos é a "primeira das prioridades" do país e garante "empenho total" do Governo para que, caso entenda, Marcelo se possa recandidatar.
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Depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter afirmado que, caso aconteça uma nova tragédia, tal será "impeditivo de uma recandidatura" à presidência da República, António Costa diz que o Governo não precisa de nenhum "estímulo suplementar" para estar motivado no combate aos incêndios.
Em entrevista ao Diário de Notícias, o chefe de Governo garante que, depois da tragédia do ano passado, o combate aos fogos é a "primeira das prioridades" do Executivo socialista, estando, por isso, a fazer os possíveis, para que Marcelo possa estar disponível para um segundo mandato em Belém.
"Eu não precisava desse estímulo suplementar para a motivação do Governo em dar prioridade absoluta a este combate. Depois da tragédia que aconteceu, é claro para todos que esta é a primeira das primeiras prioridades do país", diz António Costa, que lamenta que a reforma da Floresta lançada pelo Governo não tenha chegado "a tempo". Quanto às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro não as entende como um "estímulo suplementar", mas como "mais um estímulo para o empenho total do Governo para que [o presidente da República] se possa sentir livre de se recandidatar se for essa a sua vontade".
Questionado sobre os meios de combate aos fogos, António Costa considera que ficou claro, também, por via do relatório da Comissão Técnica Independente, que a "prioridade das prioridades" não está no combate, mas sim na prevenção dos incêndios, salientando que a prevenção é um "desafio de longo alcance" e que houve um "esforço enorme" do país.
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Corte de fundos comunitários acima da média europeia "não é aceitável"
Nesta segunda parte da entrevista ao DN, António Costa foi ainda questionado sobre a possibilidade de Portugal poder vir a ter um corte acima da média europeia nos fundos comunitários no período pós-2020. Nas últimas semanas, a Comissão Europeia anunciou que haverá cortes nas políticas de coesão e na Política Agrícola Comum (PAC), defendendo o primeiro-ministro que seria inaceitável que Portugal tivesse um corte superior à média.
"O que sabemos é que a Comissão Europeia propôs um corte médio de 5 por cento na PAC e um corte médio de 10 por cento na política de coesão. As indicações que temos são de que o corte previsto para Portugal é superior, sobretudo na coesão, a estes 10 por cento. Isto, obviamente, não é aceitável e é um mau ponto de partida", afirma.
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Situação do Montepio é "pequeno problema"
Sobre a possibilidade de o Estado poder ter de vir a intervir para ajudar o Montepio, António Costa desdramatiza e defende que o estado da instituição - que tem sido um dos temas escolhidos no confronto político por parte do PSD liderado por Rui Rio - é um "pequeno problema" se comparado com outros que o Governo já teve de enfrentar no setor bancário.
"É uma situação socialmente muito importante, porque são centenas de milhar de famílias que têm as suas poupanças confiadas à Associação Mutualista, e é, por isso, fundamental estabilizar essa instituição, mas, tendo em conta tudo o que eram os problemas do sistema financeiro, convém não dramatizarmos", diz Costa, considerando que se trata de um "pequeno problema" perante a dimensão de outros que o Governo socialista teve de "enfrentar e resolver".
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Investimento público? "Cada passo que damos é um passo sustentado", diz Costa
Questionado sobre os recados da esquerda, e em particular do BE, que, nas últimas semanas, tem acusado o Governo de não estar a usar uma folga orçamental de 800 milhões de euros para investir nos serviços públicos, mas para reduzir o défice e a divida pública, António Costa defende que só dessa forma Portugal poderá ter uma "dívida sustentável" garantindo o primeiro-ministro que o Governo tem feito o possível em matéria de investimento público.
"Se voltássemos a aumentar o défice e a dívida também voltávamos a pagar mais juros e, em vez de termos mais dinheiro para investir nos serviços públicos, estávamos a dar mais dinheiro à banca para pagar os juros da dívida", defende.
E acrescenta: "Cada passo que nós damos é um passo sustentado. Não estamos a dar dois passos à frente para dar um passo atrás. Estamos a dar dois passos à frente, para dar mais dois passo à frente e mais dois passos à frente. É assim que temos feito esta caminhada e é assim que queremos continuar a caminhar durante o próximo ano e meio, até à legislatura", adianta o chefe de Governo, que garante: "Por mim, estou pronto para continuar a caminhada a seguir às eleições legislativas".
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Nesta entrevista, o primeiro-ministro é ainda questionado sobre se haverá margem para aumentos na Função pública ou se, por outro lado, o Governo irá optar por reforçar o número de trabalhadores do Estado. No parlamento, António Costa lembrou que o Programa de Estabilidade prevê 350 milhões de euros destinados à administração pública. O primeiro-ministro diz que é preciso, sobretudo, equilíbrio entre aumentos e contratações para o Estado.
"Destes 350 milhões de euros nós vamos ter de conseguir um bom equilíbrio entre aquilo que é a recuperação de rendimentos, que vai ter de prosseguir - tanto para os funcionários públicos como para todos os portugueses -, mas preencher também as muitas carências que há na administração pública", salienta o chefe de Governo, que defende: "Não há nenhum serviço do Estado em que não seja preciso reforçar o pessoal".
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ANA vai ter de responder "depressa e bem" e encontrar solução para a falta de capacidade do aeroporto de Lisboa
Sobre o aumento do número de passageiros e as dificuldades de resposta do aeroporto de Humberto Delgado, em Lisboa, António Costa admite que é uma "preocupação". O primeiro-ministro afirma ainda que perante esta situação, a ANA - Aeroportos de Portugal - que gere o aeroporto da capital - vai ter de encontrar uma solução para a falta de capacidade, num momento em que "estamos a correr contra o tempo".
"O anterior Governo privatizou a ANA com o ónus de a ANA assegurar a existência de um novo aeroporto quando estivessem atingidos determinados níveis de procura que, neste momento, já estão claramente esgotados. Portanto, agora, a ANA tem de responder depressa e bem", vinca António Costa.
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