Costa diz que "não faz sentido" ouvir procuradora no Parlamento e admite ser "muito difícil" cargo europeu
O anterior primeiro-ministro disse que as legislativas de março ocorreram no "pior momento" para o PS.
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O ex-primeiro-ministro António Costa considera que não faz sentido que a procuradora-geral da República seja ouvida no Parlamento sobre casos concretos. Em declarações à CNN Portugal, Costa lembrou que a procuradora faz um reporte anual ao Parlamento sobre a atuação do órgão que dirige.
"No caso de processos concretos creio que não faz sentido que essa discussão se faça na Assembleia da República. Faz sentido é que haja uma informação do Ministério Público, dos órgãos de justiça, mas tenho ideia que ela já prevê que haja anualmente a apresentação de um relatório e que esse relatório seja devidamente apreciado pela assembleia", defendeu António Costa.
O anterior primeiro-ministro disse também que as legislativas de março ocorreram no "pior momento" para o PS e que será "muito difícil" assumir um cargo europeu enquanto houver um "processo pendente".
"As eleições ocorreram no pior momento possível para quem estava a governar", sustentou o ex-chefe do Governo noutra entrevista à apresentadora de televisão Cristina Ferreira, na TVI, lembrando que a inflação estava a começar a ceder, a confiança dos consumidores melhorar e as taxas de juro a dar sinais de abrandamento.
Segundo António Costa, "era difícil ter um pior contexto económico e social" para realizar eleições e, além disso, com um primeiro-ministro envolvido num processo judicial, tudo junto criou um efeito adverso para o partido no governo".
Costa, que anunciou que passará a escrever uma crónica aos sábados no jornal Correio da Manhã e irá comentar na nova televisão do grupo de media daquele jornal, admitiu ser difícil assumir um cargo europeu a breve prazo.
Questionado sobre o exercício de um cargo europeu, o anterior primeiro-ministro respondeu que "depende das circunstâncias", mas "com um processo pendente é muito difícil haver essa solução".
Quanto à sua nova vida, Costa disse que "há pequenos luxos que se ganham", como "ter o telemóvel desligado à noite" ou "não pôr o despertador" para acordar de manha.
Relativamente ao momento da sua demissão do cargo de primeiro-ministro, a 07 de novembro, na sequência da operação Influecer, Costa descreveu-a como uma "sensação de ser atropelado por um comboio e ter ficado vivo", mas mostrou-se convicto de que, no final, ficará provada a sua inocência.
"Eu conheço o último episódio desta série, não sei é quantos episódios esta série vai ter ou quantas temporadas", ironizou, dizendo depois sentir que a confiança das pessoas em si "não se quebrou".
