O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que um cenário com mesmo objetivo, mas a ritmos diferentes não o assustam e que Portugal " estará sempre na linha da frente do projeto europeu".
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Ontem, durante uma cimeira, o presidente francês François Hollande afirmou que o futuro da União Europeia (UE) passa por um sistema a "duas velocidades", caso contrário, a Europa corre o risco de explodir.
Esta tarde, em Lisboa, durante um almoço no âmbito de um seminário económico luso-francês, na Culturgest, em Lisboa, António Costa não rejeitou este cenário, mas sublinhou que, caso venha a verificar-se, Portugal vai estar "na linha da frente" recusando, no entanto, lógicas de exclusão ou periferização de países e "fugas em frente" sem se consolidar o euro.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro referiu-se aos cinco cenários constantes no Livro Branco recentemente apresentado pela Comissão Europeia sobre o futuro da União Europeia, dos quais se demarcou logo da perspetiva mais minimalista de o espaço europeu se limitar a prazo a um mercado único interno.
De acordo com o chefe de Governo, "entre o retrocesso e o federalismo, há cenários de compromisso" possíveis para o futuro da União Europeia, e o Governo português até admite um cenário de evolução a várias velocidades, ou de geometria variável.
"Temos estado sempre na linha da frente do aprofundamento do projeto europeu, não tememos por isso várias velocidades ou geometrias variáveis. Gostávamos que os 27 [Estados-membros] pudessem avançar em conjunto, mas admitimos que pode ser preferível avançar só alguns do que ficarmos todos paralisados", disse.
No entanto, António Costa advertiu logo a seguir que "há uma coisa que é certa: Quando avançarmos, nós estaremos presentes, porque Portugal está em Schengen, está no euro e estará sempre na linha da frente do projeto europeu".
Perante esse cenário de a Europa evoluir a várias velocidades, com uma geometria variável, o primeiro-ministro traçou algumas linhas vermelhas. "Essa evolução não pode ser acompanhada por desinvestimento em políticas sociais e de coesão, nem poderá significar uma fratura na zona euro ou relegar Estados para posições periféricas", avisou António Costa.
António Costa também se insurgiu contra correntes que "pretendem uma fuga em frente" no espaço da zona euro, "sem antes se consolidar o euro e aprofundar-se a União Económica e Monetária (UEM).