Costa Matos apresenta "30 ideias para mudar o país": junta Costa e Pedro Nuno, mas não é currículo
O livro conta com um conjunto de 30 ideias para “mudar o país”, divididas por dez temas, o que parece um complemento ao programa eleitoral apresentado pelo PS.
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A pergunta surge em todos os capítulos do livro: “E agora?”. São 30 ideias do deputado socialista Miguel Costa Matos, “para mudar o país”, das políticas económicas à reforma eleitoral, mas também o combate ao racismo. Em tempo de campanha, o autor garante que esta não é uma candidatura a um cargo governativo, mas a obra tem traços de António Costa e de Pedro Nuno Santos.
O livro tem apresentação do ainda primeiro-ministro, António Costa, que não tem participado em eventos públicos (o último foi em Barcelona, a 17 de fevereiro). O prefácio ficou a cargo do secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, que vê em Miguel Costa Matos “muito mais do que um líder de uma juventude partidária”.
“Este livro é, sobretudo, o regresso daquele jovem de 14 anos cheio de sonhos que decidiu entrar na política. Queria combater as desigualdades e tornar o país mais próspero. Muitas vezes, na vida política, estamos focados na próxima eleição, na próxima lista ou no próximo projeto de lei. Isto foi um exercício de olhar para o país que temos e pensar no país que podemos vir a ter”, sintetiza.
O livro conta com um conjunto de 30 ideias para “mudar o país”, divididas por dez temas, o que parece um complemento ao programa eleitoral já apresentado pelo PS. Miguel Costa Matos rejeita, no entanto, que esta seja uma “moção” de candidatura para um futuro cago governativo.
No prefácio, Pedro Nuno Santos escreve que “este livro torna-se especialmente oportuno neste novo contexto político”, com eleições legislativas antecipadas a 10 de março, “para pensarmos o país agora e para lá deste horizonte eleitoral”. O deputado e apoiante de longa data do atual secretário-geral, subscreva as palavras.
“Espero que o livro contribua para elucidar os portugueses sobre algumas das escolhas que o PS apresenta para estas eleições. Mas, naturalmente, todos nós somos mais do que os programas eleitorais que o nosso partido apresenta”, clarifica.
A “visão” que Miguel Costa Matos apresenta para o país está assente em políticas de esquerda, e defende que o PS deve “dialogar sempre” com os seus parceiros à esquerda, tal como no tempo da geringonça, “mesmo em caso de maioria absoluta”.
“Temos de ter um Estado social que conte com a classe média e temos de ter um Estado que tenha uma relação com as pessoas e não apenas uma relação transacional, mas uma relação mais humana. É nesse sentido que defendo uma reforma da escola pública e do Serviço Nacional de Saúde (SNS), expandindo o SNS para a área da saúde mental”, aponta.
O "racismo" em Portugal e a legalização da canábis
O socialista faz também o paralelismo com as políticas de direita, e alerta para a “ameaça liberal na economia”, que está a afetar a progressão dos jovens. Num tom político, Costa Matos acusa a direita democrática “de estar em conforto em vez de confronto” com o populismo, dando o exemplo do racismo, em que é claro: “Existe discriminação em Portugal”.
“Tivemos uma aceleração muito grande da imigração nos últimos anos, que é outro dos capítulos, além do racismo, e nós temos de ser capazes de integrar”, desafia, lembrando as políticas de outros países europeus “que não estão a funcionar”.
E, claro, há várias páginas com políticas dedicadas aos jovens, desde logo, para combater a crise na habitação, com medidas não só para o arrendamento, mas também para a compra de casa. O PS, de resto, já prevê no programa eleitoral “prestar uma garantia pública ao financiamento bancário nos créditos para aquisição de casa própria de pessoas até aos 40 anos que ainda não tenham nenhuma habitação em seu nome”.
O deputado projeta ainda um país que legalize a canábis e regulamente a prostituição, com um capítulo dedicado aos temas, onde desafia os agentes políticos a “tirar a cabeça da areia”.
O prefácio é de Pedro Nuno Santos e a apresentação da obra está a cargo do ainda primeiro-ministro, António Costa. O evento, que conta também com o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, na sede do Grupo Bertrand Círculo, onde os históricos Mário Soares e Aníbal Cavaco Silva também já apresentaram obras da sua autoria.