Em conversa com a TSF, o atual comentador de futebol diz que a semana entre o 25 de Abril e 1 de Maio de 1974 foi "a melhor semana" da sua vida.
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Manuel Augusto Costa Monteiro, conhecido profissionalmente por Costa Monteiro, já trabalhava em rádio em 1974. Iniciou a carreira em 1969, no Rádio Clube Português. Era locutor e fazia reportagens, sempre na cidade do Porto.
Costa Monteiro passou pela Emissora Nacional, Rádio Comercial, Rádio Press e RTP. Atualmente, e desde há muitos anos, é comentador de futebol na TSF.
Já não há muitos profissionais, em atividade, que já trabalhassem na comunicação social há 50 anos. Nesta conversa com a TSF, Costa Monteiro recorda esse tempo. A censura imposta pelo regime de Salazar: os discos que não podiam passar ou aquilo que não podia ser notícia. Por exemplo, Salazar fazia 79 anos, mas não se podia dizer a idade (dizia-se que festejava mais um aniversário, mas sem dizer quantos anos fazia).
Era o tempo em que as mulheres, para saírem do país, tinham de ter autorização dos maridos. "A mulher era a fada do lar." Era obrigatório ter licença para usar isqueiro e para andar de bicicleta. Era perigoso conversar no café com um grupo de amigos, pois podia estar alguém à escuta na mesa ao lado.
Costa Monteiro considera que a geração dele foi "castrada" e diz que a semana entre o 25 de Abril e 1 de Maio de 1974 foi "a melhor semana" da sua vida. "Foi como abrir uma garrafa de champanhe. Foi uma explosão, as pessoas ficaram eufóricas."
Costa Monteiro recorda ainda a infância difícil e fala das ilhas nas cidades e das barracas em que muita gente vivia. Na conversa com a TSF, recupera ainda uma carta de António de Oliveira Salazar para a Coca-Cola. Nessa missiva, Salazar escreveu que a Coca-Cola não podia entrar em Portugal, porque "representava tudo aquilo que ele detestava: a modernidade".