Costa na campanha: "Pedro Nuno precisa desesperadamente de apoio do inimigo, daquele que queria substituir"
No programa O Princípio da Incerteza, António Lobo Xavier defendeu que quando o primeiro-ministro aparece “vemos uma campanha a cores”. Também Pacheco Pereira sublinhou que “Costa é muito mais fácil de trazer à ribalta”.
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As presenças do primeiro-ministro demissionário, António Costa, e do antigo líder do PSD Pedro Passos Coelho na campanha eleitoral estiveram em debate no programa O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal. Os comentadores acreditam que Costa é uma “vantagem” para o PS e, por outro lado, os sociais-democratas podem estar a chamar um "passado inconveniente para o presente".
“Pedro Nuno Santos não pode dispensar António Costa na campanha”, começou por defender o conselheiro de Estado, António Lobo Xavier.
“António Costa tem defeitos na governação, é-lhe imputada o falhanço nessa maioria absoluta, mas Pedro Nuno Santos faz parte dos aspetos mais negativos dessa maioria absoluta”, acrescentou, considerando que quando o primeiro-ministro aparece “vemos uma campanha a cores”.
Para Lobo Xavier, o novo secretário-geral do PS “não tem pensamento comparável” a Costa e, por isso, agora “precisa desesperadamente de apoio do seu inimigo, daquele que queria substituir”.
Também o antigo dirigente do PSD José Pacheco Pereira considerou que “Costa é muito mais fácil de trazer à ribalta” e “pode jogar a favor do PS”, graças aos resultados económicos “reconhecidos internacionalmente no plano das finanças e economia”. Assim, Pacheco Pereira defendeu que o aparecimento de Pedro Passos Coelho “corre sempre o risco de chamar uma parte do passado inconveniente em relação ao presente”.
“Aliás, não percebo o marketing do PS. Se pensam que ganham as eleições vendendo a figura do Pedro Nuno e meia dúzia de propostas que são estruturalmente idênticas às que a que fazem os outros partidos. (...) Não percebo, por exemplo, porque é que o PS não coloca cartazes sobre os resultados económicos que todas as semanas a nível europeu não dependem de avaliações portuguesas, dependem de avaliações internacionais”, atirou.
Por outro lado, a antiga ministra da Cultura Graça Fonseca não só lamentou o aparecimento de Passos Coelho, como as declarações de Paulo Núncio sobre o aborto e do cabeça de lista da AD em Santarém.
“Luís Montenegro passou a semana a apagar fogos”, notou a socialista.
Graças Fonseca recuperou uma intervenção de Passos Coelho, em 2017, sobre alterações à lei da nacionalidade e lembrou: “Falhou na sua previsão. Hoje em dia Portugal continua no top 10 de países mais seguros do mundo.”
Além disso, a antiga responsável pela pasta da Cultura defendeu que a polémica em torno do aborto que foi trazida pela AD devido a declarações do vice-presidente do CDS, Paulo Núncio, obriga a que “Luís Montenegro venha de novo reposicionar a campanha”.
“Há muitas pessoas neste momento que até poderiam pensar em votar AD, mas com esta sucessão de casos, todos concentrados à direita, estão com uma séries de dúvidas”, concluiu.