Costa no Conselho Europeu? Montenegro diz que "está no bom caminho" e expressa "apoio inequívoco"
Para Luís Montenegro, "não há nenhum impasse", já que "não era suposto haver decisões" esta segunda-feira
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O jantar informal dos 27 desta segunda-feira terminou sem acordo, mas, para o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a reunião "foi um trabalho preparatório" que "está no bom caminho" relativamente a uma eventual presidência do Conselho Europeu por parte de António Costa: "Não há nenhum impasse, não era suposto haver decisões."
Em cima da mesa estão três nomes, entre os quais está o do ex-primeiro-ministro português. No encontro desta noite, Montenegro diz ter tido a oportunidade de, mais uma vez, "expressar o apoio inequívoco" a Costa: "Posso dizê-lo também, no decurso daquilo que já tinha sido uma afirmação que eu tinha feito junto dos meus colegas do Partido Popular Europeu [PPE], que se trata de uma candidatura que reúne todas as condições para ser aceite e consubstanciada com uma decisão final."
A reunião desta segunda-feira terminou sem acordo "por falta de entendimento político" entre os 27, segundo o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
“Os partidos fizeram as suas propostas (...) foi uma boa oportunidade para trocar impressões para preparar a reunião formal da próxima semana”, afirmou Charles Michel, dizendo que “tudo ficará claro na próxima semana”.
As negociações acabaram por ser mais prolongadas do que se antevia em Bruxelas. Os negociadores do Partido Popular Europeu (PPE) propuseram que o cargo da presidência do Conselho Europeu fosse dividido em duas metades. Uma seria assegurada pelos Socialistas, e a outra pelo PPE, quebrando a tradição que tem sido a renovação do mandato. Foi assim com Herman van Rompuy, quando foi reeleito em março de 2012, e também mais recentemente com Charles Michel, em junho de 2022.
Também foi assim com Donald Tusk, quando foi reeleito em março de 2017. No caso de Donald Tusk, com o detalhe de ter sido eleito contra a vontade do governo do próprio país, a Polónia, que naquela altura levantava dúvidas relativamente ao compromisso com os valores europeus.
Por isso, esta proposta de negociação do PPE introduz uma mudança de paradigma no quadro da eleição para a presidência do Conselho Europeu, e não está garantido que seja aceite na próxima semana, quando forem retomadas as negociações.
Relativamente a António Costa, vários líderes europeus elogiaram as capacidades do ex-primeiro-ministro. Para citar dois: a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que tem sido apontada como possível candidata para o mesmo cargo, considerou que António Costa é um bom colega, com quem trabalha há muitos anos e de quem só tem coisas boas a dizer, mas sublinhou que é cedo para falar de nomes.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, considerou António Costa um bom candidato. Não descartou as questões judiciais, mas enfatizou que é importante o facto de ser apoiado pelo Governo de Portugal e pelo Presidente do país.
Mas, no PPE, além das questões judiciais evocadas por Donald Tusk, há ainda dúvidas sobre o compromisso de António Costa com o apoio à Ucrânia e relativamente ao dossier do alargamento, apurou a TSF.