
O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa. discursa durante o almoço/debate co mulheres socialistas na festa da rentrée do partido no Forno Comunitário de Riba de Âncora, Lugar de Vila Verde, Capela de São Miguel, Caminha 25 de agosto de 2018. ARMÉNIO BELO/LUSA
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O secretário-geral do PS quer mais mulheres em Bruxelas.
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O secretário-geral do PS anunciou este domingo que vai apresentar uma proposta para que os socialistas apresentem nas eleições ao Parlamento Europeu "uma lista paritária 50/50", considerando a luta contra as desigualdades como "um dos combates" do século.
"É nosso dever de ir à frente daquilo que a própria lei vai tornar obrigatório. E é por isso que espero que o Partido Socialista aprove a minha proposta para que a próxima lista ao Parlamento Europeu seja uma lista paritária de 50/50", disse António Costa, em Caminha, durante um almoço com perto de 200 mulheres.
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O líder socialista lembrou que os primeiros passos para a posterior aprovação da Lei da Paridade foram dados no tempo de um dos seus antecessores, António Guterres. A lei, que exige que as listas eleitorais para a Assembleia da República, o Parlamento Europeu e as autarquias locais devem assegurar uma representação mínima de 33% de cada um dos sexos, foi depois aprovada em 2006, com o Governo socialista de José Sócrates.
Agora, acrescentou António Costa, a legislação que está para discussão no parlamento prevê o aumento para 40% daquela quota e o alargamento a "todas as listas".
"Vinte anos depois temos que olhar e perguntar: já chega o que fizemos? A resposta é não, não chega o que fizemos e demos agora mais um passo que espero que a Assembleia da República aprove brevemente", referiu.
A proposta de lei do PS "alarga para 40% o limiar mínimo para cada género para todas as listas eletivas", explicou o também primeiro-ministro.
"Chegou o tempo de acabar com essa barreira onde as quotas não são obrigatórias, devem passar a ser obrigatórias em todas a listas", disse, acrescentando que a referida proposta também contempla "a alternância de género nos primeiros lugares das listas à Assembleia da República".
António Costa, que foi recebido entre aplausos e sons do Minho em concertina, defendeu as novas propostas salientando que não basta "igualdade formal", como já define a Constituição da República Portuguesa (CRP) e o Código Civil.
"Apesar da CRP e do Código Civil, esta igualdade continua a não existir e é por isso que o combate pela igualdade era um combate tão importante no final do sec XIX, no início do século XX e agora no século XXI", disse.
Para o primeiro-ministro é "absolutamente intolerável que num mundo considerado de hoje, haja uma desigualdade [salarial] tão significativa para homens a e mulheres", lembrando que essa desigualdade atinge os 26% em cargos de chefia.
"Isto mostra que o combate que temos que fazer é um combate cultural profundo, de alterações das mentalidades de quem é dirigente político e também empresarial", salientou.
Perante uma plateia onde estava a ministra com a pasta da Igualdade, Maria Manuel Leitão, António Costa lembrou ainda a importância da conciliação entre a vida pessoal e profissional.
"A vida pessoal não esgota no trabalho e na família, vai muito para além disso, assenta na liberdade que cada um tem que ter de poder fazer aquilo que quiser, a conciliação da vida profissional e familiar não respeita só ao género feminino, mas a realidade da vida é a realidade da vida e sabemos bem que é o género feminino o mais prejudicado", reconheceu.
António Costa fez também questão de lembrar que o homem tem igualmente algo a dizer na questão da vida familiar.
"A família não é um assunto só da mulher, desculpem exigir aqui também a minha quota-parte", disse.