Na dívida, António Costa prefere uma versão mais suave do que a esquerda - a mutualização das dívidas europeias. E alinha com Passos e o governador do Banco de Portugal num fundo europeu de resgates.
Corpo do artigo
No texto que leva ao Congresso, em junho, o secretário-geral socialista defende a mutualização europeia das dívidas. Um passo que deve ser dado de forma gradual e incluir apenas uma parte das dívidas soberanas.
Outra ideia que já se ouviu a António José Seguro e também a Pedro Passos Coelho é a de dissolver, aos poucos, o atual e rígido Mecanismo Europeu de Estabilidade e criar, no seu lugar, um verdadeiro Fundo Monetário Europeu. Este fundo deve ter dinheiro suficiente para acudir aos estados membros quando é mais difícil aceder aos mercados de crédito.
A Moção é já menos concreta quando faz referência a outros mecanismos europeus de proteção no desemprego e para empréstimos de emergência. O documento insiste que a zona euro deve ter um orçamento próprio e avultado. Um orçamento que - lê-se - não deve depender das contribuições dos estados membros, ao contrário do que agora acontece.
Na política doméstica, acabam-se os sinais de eventual convergência com o PSD. O líder dos socialistas lança-se no combate ao neoliberalismo bem como aos adeptos do Estado mínimo. António Costa faz também uma defesa sem quartel do atual modelo de governação, assente no poder do parlamento. A fórmula em vigor, diz a moção, já demonstrou em pouco tempo ser bem mais estável que qualquer governo minoritário.
De caminho, a tese parlamentarista serve para criticar o anterior Presidente da República e o que é descrito como " a sua tentativa de impor uma solução governativa de direita".
Com isto assente, o PS de Costa quer ganhar eleições. Primeiro as regionais nos Açores, já em outubro, e um ano depois, as autárquicas.
A estratégia começa na recandidatura dos atuais autarcas socialistas, mas é apenas o princípio genérico aberto a exceções. Admitem-se alianças partidárias, apoio a movimentos cívicos ou a figuras independentes.
O PS não faz questão de concorrer sempre sozinho desde que consiga ganhar as autárquicas e conquistar a presidência das associações nacionais de municípios e de freguesias.