Cotrim admite que IL sai de Santa Maria da Feira “sem ganhar um voto” e acaba a citar Lenine
Cotrim de Figueiredo cita Lenine para alertar que o “hiper-racionalismo é a doença infantil do liberalismo”
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Subiu ao púlpito para fazer uma intervenção, com bem mais tempo do que os dois minutos habituais, e falou para dentro do partido. João Cotrim de Figueiredo ainda é visto por muitos como o rosto da Iniciativa Liberal (IL) e admite que a discussão em Santa Maria da Feira faz com que os liberais saiam da VIII Convenção “sem ganhar um voto”.
O agora eurodeputado e antigo líder do partido fez um discurso para “deixar os membros a pensar” e acabou a citar o revolucionário comunista Lenine, alertando para o “hiper-racionalismo” que é “a doença infantil do liberalismo”.
“Ter boas ideias e melhores ideias não chega. Ter razão não chega. Nem na política, nem na vida. Quem não percebeu isto, acho que ainda não percebeu nada. Ao longo destes dias de convenção, demos vários exemplos de estarmos fechados na nossa cabeça”, atira.
O ponto marcante da convenção liberal cingiu-se ao chumbo das propostas de alteração aos estatutos, que não alcançaram a maioria de dois terços para serem aprovadas, pelo que João Cotrim de Figueiredo lamenta que o partido saia de Santa Maria da Figueira tal e qual como entrou.
“Apesar da cobertura da comunicação social, este hiper-racionalismo leva-me a querer que não ganhámos nenhum voto neste fim de semana”, acrescenta.
João Cotrim de Figueiredo pede, por isso, “ideias que inspirem” os portugueses e deixa várias questões para reflexão interna. “O que inspira mais? Um partido que aparece zangado e azedo ou um partido que aparece otimista e confiante? Um partido que só faz críticas e bota abaixo ou um partido que é construtivo e mostra competência?”, questiona.
A comparação, ainda que sem menção, reflete-se no Chega, com o eurodeputado a defender que as eleições europeias mostraram que “é possível fazer política com otimismo”. A IL elegeu dois eurodeputados, os mesmo do Chega.