
Filipe Amorim/Lusa
João Cotrim Figueiredo reconhece que a sua origem partidária "terá de ser muito ampliada para chegar à segunda volta e para ganhar"
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O candidato presidencial João Cotrim Figueiredo defendeu esta segunda-feira que "os partidos nunca podem ser vistos como um problema", embora recusando transportar questões partidárias para as eleições de janeiro, considerando que já deu várias provas de verdadeira independência.
O antigo presidente da IL e eurodeputado João Cotrim Figueiredo foi esta segunda-feira o primeiro candidato a entregar as assinaturas para oficializar a sua candidatura às eleições presidenciais de 18 de janeiro de 2026, adiantando que são quase nove mil e que foram recolhidas "em tempo absolutamente recorde, menos de 48 horas".
Para o candidato presidencial, "os partidos nunca são um problema para a democracia" e não se concebe sequer "um sistema democrático sem partidos".
"Os problemas que os partidos têm não devem ser transportados para uma eleição presidencial, até pelo mero motivo, que não é nada pequeno, de que só é eleito Presidente quem tiver mais de 50%. Há muito tempo que não há nenhum partido em Portugal que tenha mais de 50% dos votos, portanto, necessariamente, quem for eleito vai ter que ser eleito com votos de pessoas que vêm de outras áreas políticas do que aquelas que são da origem dos candidatos", defendeu.
Cotrim Figueiredo deu o seu exemplo, explicando que a sua origem partidária "terá de ser muito ampliada para chegar à segunda volta e para ganhar".
"É por isso me agrada particularmente que tanta gente que votava noutros partidos se tenha aproximado. Estamos a falar não é de dezenas, são centenas, milhares, talvez, de pessoas que já me fizeram chegar a essa mensagem", apontou.
Na véspera, na apresentação pública da sua candidatura, o eurodeputado da IL fez questão de sublinhar a sua independência e esta segunda-feira, questionado sobre esta afirmação, recordou que só entrou "na vida política há seis anos".
"Eu não tinha ligação partidária absolutamente nenhuma até há seis anos. Sempre dei provas em toda a minha vida profissional de enorme independência, fosse em relação a quem me estava a empregar, fosse em relação com quem estava a relacionar. E nos partidos igual", defendeu.
Considerando-se "verdadeiramente independente", Cotrim Figueiredo deixou a ressalva de que a discussão nestas eleições não deve ser essa.
"A discussão devia ser quem é que está preocupado em discutir o futuro, quem é que está mais preso ao passado. Devia ser quem é que tem vontade e energia para mudar as coisas ou quem está conformado, os tais tristes. Nessa discussão não tenho dúvida que se há um candidato que está no sítio certo sou eu", sublinhou.
Questionado sobre por que é que o incomoda que não seja considerado como uma possibilidade para passar à segunda volta, o antigo presidente da IL respondeu que "qualquer pessoa que sinta que está a fazer um trabalho meritório e que não o veja reconhecido se incomoda".
"E também me incomodaria se estivesse a fazer uma cobertura de uma campanha e acabasse a ser demasiado surpreendido quando alguém me avisou a tempo que não o deveria ser", atirou.
Interrogado sobre onde espera ir buscar votos para passar a essa segunda volta, Cotrim começou por enfatizar que nas presidenciais "as pessoas contam bastante mais do que os partidos".
"Em segundo lugar, se já é verdade nas legislativas que os votos não pertencem aos partidos, eu acho que os votos na eleição presidencial não pertencem mesmo a ninguém", disse.
Admitindo que "estas eleições já começaram a ser disputadas com candidatos do reino há muito tempo", segundo o eurodeputado liberal "há uma enorme massa de pessoas que ou não sabem ainda quem vão votar, ou estavam inclinados para uma direção até aparecerem em candidaturas" como a sua.
"Tudo isto está em bastante mutação, está tudo em aberto, e acho que depende da qualidade da campanha de cada um. Eu acho que vou fazer uma boa campanha, acho que o arranque foi absolutamente extraordinário", afirmou.
