Cotrim de Figueiredo pondera candidatura a Belém: “Custa ver que democracia não consegue produzir candidatos que inspiram”
O liberal considera que os candidatos já conhecidos "dificilmente unirão o país em torno de qualquer desígnio mobilizador"
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Foi candidato às legislativas, às europeias e, quem sabe, às eleições presidenciais. João Cotrim de Figueiredo está a ponderar uma candidatura ao Palácio de Belém, apurou a TSF, depois ter deixado várias críticas aos candidatos que já apresentaram oficialmente uma candidatura, na X convenção da Iniciativa Liberal.
Aos jornalistas, à margem da convenção, admitiu que fará "contactos" para perceber se tem margem para a sucessão a Marcelo Rebelo de Sousa e, "sem falas modéstias", reconhece que é o membro do partido em melhor posição para alcançar um bom resultado. O assento no Parlamento Europeu não está em causa, até porque "outros" também foram candidatos quando estavam em Bruxelas.
Perante a convenção, ouviu gritos de "vai João", em apelo a uma candidatura, ao assumir que está disponível para futuras "batalhas políticas": "Custa ver que, 51 anos depois do 25 de Abril, a nossa democracia não consiga produzir melhor do que um leque de candidatos que não inspiram, não dizem nada à juventude nem às camadas mais dinâmicas da nossa sociedade, com quem não dá vontade de discutir as grandes tendências que moldarão o nosso futuro e que, por isso, são candidatos que dificilmente unirão o país em torno de qualquer desígnio mobilizador", disse o antigo líder liberal na convenção da IL.
João Cotrim de Figueiredo diz que não há nenhum candidato que defenda os valores da Iniciativa Liberal, mas considera que faz falta. Já falou com Mariana Leitão sobre uma possível candidatura e o apoio do partido "será natural".
"O Presidente da República não pode ser apenas o árbitro do sistema ou o guardião da Constituição. Tem de ser também um farol e uma referência. E, do nosso ponto de vista, essa referência é sempre no sentido de um país mais moderno, mais virado para o futuro e mais liberal. Candidato assim ainda não vi. Ainda não vi, mas faz falta", argumenta.
Mariana Leitão tinha sido a escolhida para representar os liberais na corrida presidencial, ainda sob a liderança de Rui Rocha, mas desistiu da candidatura para ser presidente do partido.
João Cotrim de Figueiredo acredita ainda que a Iniciativa Liberal tem de decidir que caminho que seguir enquanto partido: "A Iniciativa Liberal também tem de decidir e também está numa encruzilhada. Temos de decidir desde logo se queremos ser um partido de nicho, digamos, ideológico, ortodoxo, intelectual, mais focado na divulgação do ideal liberal junto do eleitorado mais recetivo a essa mensagem ou se queremos ser um partido mais focado na mudança concreta que melhore vida das pessoas, mantendo as nossas convicções liberais, evidentemente, nas suas diversas matizes, nas suas diversas tendências, mas muito mais abrangentes."