Crise política penaliza Montenegro e Governo: AD e PS empatados, mas coligação perde terreno. Chega é quem mais cai
A sondagem da Pitagórica para TSF-JN-TVI-CNN Portugal realizada em duas fases, antes e depois da comunicação ao país de Luís Montenegro, mostra que, dentro do empate técnico, a distância entre AD e PS cai para quase metade. Chega é quem mais desce
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Um primeiro-ministro em queda, uma coligação que, embora mantenha vantagem, mostra tendência de descida, o PS a recuperar, sem descolar e o Chega como o partido que mais desce.
A primeira sondagem depois do início da crise política mostra que, em apenas uma semana, a AD desceu cerca de 2 pontos percentuais e regista agora 33,5% de intenções de voto (eram 35,6% na primeira semana).
Em sentido inverso, o PS está com 28,8% subindo 1,6 pontos percentuais face aos resultado da semana anterior (27,2%).
Encurta-se, assim, a margem entre os dois maiores partidos que continuam empatados dentro da margem de erro desta sondagem (+/-4,0%). A distância entre PS e AD era de 8,4 pontos percentuais e passou para 4,7 pontos percentuais.
A avaliação do primeiro-ministro regista uma subida de 8 pontos percentuais nas notas negativas (46%) e uma queda de 5 pontos percentuais nas opiniões favoráveis, deixando Luís Montenegro mesmo em cima da linha de água, longe do terreno claramente positivo dos últimos meses.
A avaliação do Governo acompanha a descida nas intenções de voto na AD, caindo dois pontos para os 60%, incluindo junto daqueles que dizem votar na coligação. Já as notas negativas para o executivo sobem 2 pontos percentuais para os 35%.
Entre a primeira e a segunda sondagem, Luís Montenegro falou ao país, o PCP apresentou uma moção de censura que mereceu o voto contra do PS e o primeiro-ministro avançou com a possibilidade de uma moção de confiança.
A AD continua à frente, mas desce em quase todos os segmentos, exceto na classe média e no sul e ilhas, onde sobe. O PS tem vantagem nas classes mais baixas e junto dos mais velhos, mas Pedro Nuno Santos permanece estabilizado nas opiniões positivas (35%) e com uma maioria de opiniões negativas (57%).
Já André Ventura regista uma descida nas opiniões positivas (19%) enquanto sobem as negativas (77%).
Em terceiro, o Chega é o partido que mais desce: tinha 17,2% de intenções de voto na primeira semana, mas agora recolhe 13,5%, numa queda de quase 4 pontos percentuais. Pelo contrário, a Iniciativa Liberal sobe mais de um ponto, nesta última semana, e está com 6,7% das intenções de voto que somados aos votos da AD ficam no patamar dos 40%.
À esquerda, esta semana de diferença produziu mudanças na tabela: a CDU está em quinto com 3% apesar de ter descido, mas beneficia da queda do Livre para sétimo com 2,4% (quando na semana anterior liderava a esquerda com 4,8%).
Pelo meio, em sexto, está o Bloco de Esquerda, que subiu para 2,9% apresentando uma tendência para segurar o eleitorado, depois das perdas recentes.
Finalmente, entre os partidos com presença no Parlamento, o PAN sobe ligeiramente para 1,9%.
Entre uma e outra sondagem regista -se uma ligeira descida entre o número de indecisos.
Ficha Técnica
Foram realizadas duas sondagens pela Pitagórica para a TSF, JN, TVI, CNN Portugal.
A primeira sondagem realizada entre os dias 23 a 27 de fevereiro antes das notícias mais recentes sobre os clientes da empresa da família do primeiro-ministro e da comunicação que foi feita pelo chefe de Governo ao país no sábado, 1 de março.
A segunda sondagem foi realizada entre os dias 3 e 6 de março, depois da comunicação do primeiro-ministro ao país, bem como anúncio de moção de censura apresentada pelo PCP e do PS ter anunciado o voto contra esta moção.
Na primeira sondagem, a amostra recolhida foi de 400 entrevistas, como habitualmente nos barómetros mensais, e para além da intenção de voto das legislativas. A taxa de resposta foi de 65%, ou seja, foram precisas 615 contactos efetivos para conseguir as 400 entrevistas. A margem de erro máxima para um nível de confiança de 95,5% é de +/-5,0%.
Na segunda sondagem, a amostra recolhida foi de 625 entrevistas, com um questionário mais curto, que apenas se debruçou sobre os temas das eleições legislativas e da crise atual. A taxa de resposta foi de 66%, ou seja, foram precisas 938 contactos efetivos para conseguir as 625 entrevistas. A margem de erro máxima para um nível de confiança de 95,5% é de +/-4,0%
Em ambas as sondagens, a amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores Portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva.