Críticas ao trajeto do PS? Pedro Nuno Santos garante que "trabalho de análise vai continuar sem hesitação"
O líder dos socialistas argumenta que a única forma de "recuperar a confiança do povo português" é ter a capacidade "de tirar conclusões"
Corpo do artigo
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, garantiu esta terça-feira que "o trabalho de análise crítica" às medidas adotadas durante os Governos socialistas "vai continuar sem hesitação".
O líder dos socialistas foi confrontando com a polémica instalada após ter admitido que o PS "não fez tudo bem" em matéria de imigração e apontou que existe uma cultura portuguesa "que deve ser respeitada" por quem procura trabalho em Portugal. Questionado pelos jornalistas sobre se não teria ido longe de mais nas críticas feitas às políticas do partido que lidera, Pedro Nuno Santos garante que não.
"Vamos longe de mais se não tivermos a capacidade de olhar para o que fizemos e identificar aquilo que correu bem e aquilo que correu mal", defendeu.
Pedro Nuno Santos argumentou ainda que esta é a única forma de "recuperar a confiança do povo português", destacando a necessidade política de ser capaz "de tirar conclusões".
"Isso é fundamental. Esse trabalho de análise crítica vai continuar sem hesitação", assegurou.
Reconheceu, contudo, que a "imigração é importante para o país e economia", mas ressalva que o país tem de ter "capacidade e condições para receber quem vem para cá trabalhar". Apontou, por isso, a importância de preservar a coesão social e nacional e de "tratar bem" este tema.
Questionado ainda sobre as suas declarações em entrevista ao Expresso foram feitas a pensar já nas eleições autárquicas, o líder dos socialistas também desmentiu.
"Nós vamos fazendo o nosso trabalho dentro daquilo que achamos que deve ser feito. E há um trabalho permanente de olhar para a frente, mas também daquilo que fizemos: daquilo que correu bem, daquilo que correu menos bem e o que deve ser alterado", explicou.
Acrescenta ainda que este exercício de "avaliação" é a prova de que lidera um partido "maduro". Já sobre as palavras de Carlos César, que saiu em sua defesa, Pedro Nuno Santos confessa que gosta "sempre de ouvir o presidente do PS".
Carlos César apelidou o secretário-geral do PS de "corajoso" e rejeitou que este tenha tido a intenção de ajustar contas com o passado quando admitiu que o PS não fez tudo bem em matéria de imigração. Sobre isto, Pedro Nuno diz apenas que o presidente do PS "é uma das personalidades mais importantes da história do partido" e, por isso, "leva muito a sério" o que tem a dizer.
Já Ana Catarina Mendes, eurodeputada socialista, foi mais crítica. Manifesta-se "perplexa" perante as declarações de Pedro Nuno Santos, que defendeu também o fim da manifestação de interesse para a entrada de imigrantes em Portugal. Confrontado com estas palavras, o secretário-geral adiantou apenas: "Se todas as pessoas têm direito à sua opinião, o presidente do partido, por força de razão, também tem direito à sua."