Da Educação ao aeroporto de Lisboa. Os desafios, pedidos e prioridades para o novo Governo
O Fórum TSF ouviu protagonistas de diversas áreas para ficar a saber o que esperam do próximo executivo liderado por Luís Montenegro.
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O novo Governo toma posse esta terça-feira e são muitas as expectativas para as diversas pastas. No caso de Fernando Alexandre, o novo ministro da Educação que fica também com o Ensino Superior, António Teodoro, antigo secretário-geral da Fenprof e professor catedrático da Universidade Lusófona de Lisboa, considera que o novo ministro tem grandes trabalhos pela frente. A começar pela recuperação do tempo de serviço dos professores.
"Esperamos que as negociações sejam francas, abertas e conduzam a uma resolução rápida. Vai ter depois um outro problema, que é a falta de professores qualificados. O final desta década vai estar muito marcado pela falta de professores qualificados e o retorno de 50 anos a professores sem habilitação científica e pedagógica completa. Desafios que esperemos que o peso político com que aparentemente aparece ajude a reforçar as prioridades para a educação", afirmou no Fórum TSF António Teodoro.
O responsável assume que foi uma surpresa juntar a Educação e o Ensino Superior no mesmo ministério, mas desvaloriza e considera que o que é decisivo é o peso político do ministro.
Sobre o novo aeroporto, Carlos Mineiro Aires, o líder da Comissão de Acompanhamento aos trabalhos da Comissão Técnica Independente, considera que o Governo tem nas mãos um excelente estudo e espera que o documento não seja ignorado. No caso dos novos ministros, Carlos Mineiro Aires defende que este Governo tem três ministros que lhe dão garantias.
"São três pessoas que me oferecem confiança e me oferecem também uma expectativa. Refiro-me em concreto ao ministro Adjunto da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, que também integraram a comissão que, em determinada altura, o PSD anunciou que iria apreciar os trabalhos da Comissão Técnica Independente. Não sei se essa produção chegou a produzir efeitos, mas pelo menos estavam apontados. E ainda um terceiro ministro, o da Educação, Ciência e Inovação, pessoa que me habituei a admirar muito pela sua competência e pela sua tranquilidade, que é o Fernando Alexandre. Integrava a Comissão Técnica Independente e em boa hora a integrou porque dava contributos notáveis", explicou Carlos Mineiro Aires.
Deixou também no Fórum TSF um pedido ao novo Governo, de que é preciso recuperar o atraso civilizacional na ferrovia.
Na saúde foram deixados pedidos à consideração da nova ministra, Ana Paula Martins. O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considera essencial melhorar a situação nas urgências, nas listas de espera e também nos cuidados primários de saúde. Nesse sentido espera que a nova titular da pasta da Saúde reveja o alargamento a todos o país das Unidades Locais de Saúde.
"Sou muito favorável à integração de cuidados, mas aquilo a que estamos a assistir neste momento é uma espécie de destruição daquilo que a medicina geral e familiar construiu nestes últimos anos. Foi a reforma mais importante e com mais sucesso que o Serviço Nacional de Saúde teve desde a sua criação. Isso tudo neste momento está em risco e temos tido vários relatos de médicos de família que, neste contexto das ULS, estão a perder uma identidade de proximidade da comunidade que tinha sido conquistada e que, neste momento, está em risco", alertou à TSF Carlos Cortes.
No caso dos enfermeiros, o bastonário Luís Filipe Barreira faz também uma lista de prioridades.
"Nenhuma reforma no setor será feita com profissionais desmotivados e desalinhados. Portanto esta questão do salário, da carreira e das condições de trabalho é essencial, bem como, por exemplo, a emigração dos enfermeiros, que é uma vergonha nacional. O país não aguenta perder milhares de enfermeiros para o estrangeiro todos os anos. Se não conseguirmos ter uma política de recursos humanos atrativa, com uma carreira digna e melhores condições salariais não vamos conseguir reter estes profissionais", avisou Luís Filipe Barreira.
No caso da Administração Interna, Hugo Costeira, o presidente do Observatório de Segurança Interna aplaude a escolha de Margarida Blasco e diz que, também no caso dela, há um trabalho que tem de ser feito antes de todos os outros: é preciso dialogar de imediato com os sindicatos das forças de segurança.
"Verificar a questão das carreiras, verificar o salário base, verificar a questão dos suplementos que tem sido amplamente discutida, não confundindo aquilo que não é possível ser comparado porque não podemos comparar a PSP e a GNR à Polícia Judiciária. Estamos a falar de forças de segurança e de um serviço de segurança que é um corpo superior de polícia, portanto há aqui realmente especificidades que têm de ser analisadas e que estão mais ou menos definidas. Verificar também, por outro lado, se existe do ponto do Ministério da Administração Interna capacidade orçamental para responder no imediato aos anseios e desejos dos profissionais, que são mais do que justos, mas neste momento tem de haver diálogo, compreensão e é importante debatermos as condições de vida dos próprios agentes, mas também as condições em que exercem funções", acrescentou Hugo Costeira.
