"De que segurança estamos a falar?" Eurodeputados divididos quanto a investimento na Defesa
No Fórum TSF, PCP entende que “é diferente mobilizar recursos orçamentais para o militarismo, à corrida aos armamentos e à guerra”. Também o BE diz que "o que está a ser planeado não traz segurança". Já o PSD discorda e fala em "solidariedade europeia"
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O reforço de 800 mil milhões euros previstos para reforçar a defesa e segurança europeias subiu a debate, esta quinta-feira, no Fórum TSF. Se para o PCP e BE, é certo que este não é o caminho, para os eurodeputados do PSD e do Chega um reforço pode ser fundamental para desenvolver a economia.
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“Alguém acredita que um povo tem futuro se tiver uma economia cujo motor é a guerra? Nós podemos até aumentar o Produto Interno Bruto a produzir canhões, balas e tanques, mas pergunto: isso é algum caminho de desenvolvimento?”, lança João Oliveira, do PCP.
Para o eurodeputado comunista, é preciso “encontrar as soluções para resolver problemas económicos e sociais, nomeadamente a resposta ao desemprego, a resposta à necessidade do aproveitamento dos recursos produtivos, mas não é com a guerra como motor da economia”.
João Oliveira reconhece que “o investimento nas Forças Armadas é absolutamente essencial”. No entanto, insiste, “é diferente mobilizar recursos orçamentais para o militarismo, à corrida aos armamentos e à guerra”.
Também a bloquista Catarina Martins considera que “o que está a ser planeado não traz segurança” e lança a questão: "De que segurança estamos a falar?"
“Vamos comprar armas que só vão funcionar se os satélites Elon Musk autorizarem, ou vamos investir no digital e nas comunicações, que é exatamente isso que faz falta à Europa?”, questiona novamente.
Catarina Martins sublinha ainda a necessidade de uma transição energética europeia: “São escolhas fundamentais.”
Quem discorda é o eurodeputado do PSD Hélder Sousa Silva. Para o social-democrata, “o dinheiro é muito caro para ser mal gasto”.
"Vamos ter de investir mais e vamos conseguir que esse investimento seja o mais reprodutivo possível. Vamos criar empregos, vamos dinamizar a economia, vamos aumentar a investigação e desenvolvimento. Vamos criar oportunidades. Vamos tornar esta necessidade uma oportunidade”, afirma Hélder Sousa Silva.
É evidente que tem que haver aqui um fator de solidariedade europeia, que é também aquilo que é pedido ao nível da NATO.
Na perspetiva de Tiago Moreira de Sá, do Chega, “não temos uma indústria de Defesa muito relevante ainda (...) mas podemos ser fornecedores no setor”.
Nos planos da Comissão Europeia, que estão nesta quinta-feira novamente em discussão em Conselho Europeu, pretende-se um reforço anual de investimento em Defesa de 800 mil milhões de euros.
O plenário desta quarta-feira no Parlamento centrou-se na Defesa e nos desafios da União Europeia. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assegurou que Portugal “tem capacidade para cumprir o plano de acréscimo em Defesa” sem recorrer à cláusula de salvaguarda do défice.
No Fontes Europeias da TSF, a eurodeputada Ana Catarina Mendes alertou para os riscos de um redirecionamento de fundos da política de coesão para a defesa europeia, considerando que é necessário garantir um equilíbrio entre o reforço da autonomia estratégica da União Europeia e a manutenção do investimento na coesão social e regional.
