Debate das comparações: António Filipe "cola" Ventura a Passos, líder do Chega acusa-o de "gostar de ditadores"

António Filipe e André Ventura
Pedro Gomes Almeida e Tiago Petinga/Lusa
António Filipe lembra que Ventura admitiu que não teria avançado com uma candidatura presidencial se o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho tivesse entrado na corrida
O candidato presidencial António Filipe procurou este sábado "colar" André Ventura a Passos Coelho, considerando que faz parte do "consenso neoliberal", com o seu adversário a contrapor que o comunista gosta de ditaduras e é um perigo para a democracia.
Num frente a frente transmitido na RTP, André Ventura começou por recusar a ideia de que tenha trocado de posição relativamente à legislação laboral, mostrando uma notícia segundo a qual, em agosto, já teria indicado que votaria contra a proposta do Governo caso mantivesse normas relativas, por exemplo, à amamentação ou ao pagamento de horas extraordinárias.
"O Chega foi o único que se manteve firme e coerente desde o início", alegou, com António Filipe a recusar esta teoria de André Ventura, considerando que mudou recentemente de discurso sobre a matéria, o que atribuiu ao "grande sucesso da greve" de quinta-feira.
"Eu acho que [Ventura] teve uma mudança de discurso, não é necessariamente uma mudança de posição. A mudança de posição será quando o Governo apresentar esta proposta de lei à Assembleia da República. Será a prova do algodão relativamente ao lado em que está", disse.
Ventura contrapôs de imediato que irá votar contra a proposta do Governo se se mantiver como está, apesar de se manifestar disponível para a negociar, acusando António Filipe de só ser crítico da proposta do Governo porque sabe que o PCP "não contará para nada" na sua aprovação ou chumbo.
"Eu tenho uma responsabilidade: é que haja ou não reforma laboral", disse Ventura, com António Filipe a aproveitar a deixa para salientar que André Ventura tem-se mostrado disponível para, "se o Governo deixar cair uma coisa ou outra, aprovar as outras", igualmente negativas.
"A diferença entre nós é esta: eu estou claramente do lado dos trabalhadores e o André Ventura está do lado dos grandes interesses económicos", acusou, recordando que o atual líder do Chega admitiu que não teria avançado com uma candidatura presidencial se o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho tivesse entrado na corrida.
"Isso diz tudo acerca dos propósitos da sua candidatura: apoiou o pior Governo que Portugal teve desde o 25 de Abril, que foi o Governo de Passos Coelho, que quis ir além da troika", acusou, antes de afirmar que André Ventura é do "consenso neoliberal" e ele próprio é que é o candidato que está "contra o sistema" - um dos "slogans" de Ventura.
Após ouvir esta "colagem" a Pedro Passos Coelho, Ventura respondeu na mesma moeda: "O António Filipe gosta de ditadores, gosta de Fidel Castro, de Nicolás Maduro, da China, da Coreia do Norte."
"Só que nós não somos um país comunista, e, portanto, se me perguntarem, eu preferia e tinha orgulho em ter um candidato que fosse Pedro Passos Coelho", disse, acusando António Filipe de se apresentar como "guardião dos trabalhadores", mas de, no período da "geringonça", ter colaborado com um Governo "onde a habitação subiu como nunca tinha subido, a imigração se descontrolou absolutamente" e o país "ficou com a bandalheira na segurança".
