Demissão de Costa "foi muito difícil de explicar" na UE. Nas entrelinhas, PGR entra nas jornadas do PS
Ao contrário de Lucília Gago, a comissária Elisa Ferreira afirma que "agora estamos noutra fase"
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Na União Europeia, “respeito” é uma das palavras associadas a Portugal. Mas a comissária europeia Elisa Ferreira admite que a imagem do país esteve em causa com a investigação que levou à demissão de António Costa.
Elisa Ferreira está em final de mandato, com as mudanças nas instituições europeias, mas antes de passar a pasta foi a Castelo Branco participar nas jornadas parlamentares do PS. E horas depois da entrevista da Procuradora-geral da República, referiu-se à operação influencer, que foi “difícil de explicar”.
“Às vezes acontecem coisas que são muito difíceis de explicar. O que aconteceu e levou à demissão de António Costa causou uma perplexidade que não batia certo com a imagem do país. E foi muito difícil de explicar. Ainda bem que agora estamos noutra fase”, disse.
António Costa apresenta-se agora como um dos protagonistas nas instituições europeias. E muito à custa do trabalho de 2015 a 2023, que deu “influência” a Portugal, e não saiu beliscado apesar da demissão. A comissária dá o exemplo do combate à Covid-19.
“Durante a covid, Portugal funcionou de uma forma muito madura, muito calma e muito organizada. Portanto, Portugal é uma país muito influente”, disse.
"É uma perda de tempo discutir se gastamos" os fundos
Portugal deve, no entanto, defender uma “política de coesão” já que o país “tem uma responsabilidade própria”: “Em termos de desenvolvimento, o país tem uma oportunidade, neste momento, que não pode perder”.
O aviso da comissária portuguesa, responsável pela Coesão e Reformas, para o atual Governo. E lembra ainda que os ministros da Aliança Democrática têm criticado o anterior executivo pela execução do Plano de Recuperação e Resiliência. O conselho é para que “não percam energia” com questões secundárias.
“Neste momento, Portugal tem fundos históricos. E acho que é uma perda de tempo estarmos a discutir se gastamos ou se não gastamos o dinheiro. Portugal é um país que executa sempre até ao limite. Os atores políticos estarem a gastar energias a discutir as taxas de execução e se vão gastar o dinheiro todo ou não, parece-me dispensável”, avisou.
O conselho de Elisa Ferreira, em jeito de reprimenda, para os atuais protagonistas governativos, semanas depois de o Parlamento ter aprovado uma comissão comissão de acompanhamento dos fundos europeus, com PSD e CDS a alertarem para o possível “desperdício das verbas”.