Depois do acordo com os professores, PS diz que Governo "cavalga estrada já aberta" e PSD recorda inação da geringonça
O PSD acusa a esquerda de nunca ter tido os professores como "prioridade" e, por sua vez, o PS alega que o Governo está apenas a seguir um caminho aberto pelo anterior Executivo
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O PSD garantiu esta quinta-feira no Parlamento que o tempo da desvalorização dos professores acabou, mas não conseguiu responder às perguntas sobre o futuro e as próximas medidas, apesar da insistência da oposição para saber como vai o Governo resolver problemas da escola pública.
Para a socialista Rosário Gambôa, o acordo alcançado com sete dos 12 sindicatos de professores só foi possível, porque o Governo de António Costa abriu caminho: "Era o acordo inscrito no nosso programa eleitoral, porque os senhores [do PSD] estão a cavalgar numa estrada que foi aberta pelo Partido Socialista."
Por sua vez, o deputado social-democrata Pedro Alves assinalou que a escola pública "nunca foi uma prioridade" para o PS, saudando o Governo por resolver um problema criado na altura de José Sócrates como primeiro-ministro.
Mais à esquerda, a deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua sublinhou que a recuperação do tempo de serviço já podia ter começado e que "teriam sido poupadas injustiças" se em 2019 o PSD não tivesse recuado.
Na altura o PSD recuou depois de António Costa ter ameaçado demitir-se. Ainda assim, o BE reconheceu que a medida é importante, mas quer saber qual é a estratégia do Governo na colocação de professores e o que vai fazer em relação aos que ficam fora da recuperação.
Estas foram dúvidas e acusações partilhadas pelo PCP. A deputada comunista Paula Santos quer mais esclarecimentos, nomeadamente sobre como fica a situação "dos professores que, entretanto, já se reformaram".
Sobre o futuro, Pedro Alves não respondeu e, sobre o passado, atirou culpas à esquerda. "Quando os senhores PCP, Bloco de Esquerda e Partido Socialista assinaram um acordo da geringonça, em momento algum os professores foram prioridade. Em momento algum. Eu tenho aqui o acordo. As assinaturas não são minhas. As assinaturas são vossas."
À direita, Chega, Iniciativa Liberal e CDS criticaram a qualidade do ensino público e o deputado do Chega João Tilly acrescentou outro ponto: a inconstitucionalidade. "É que o artigo 43.º da Constituição proíbe o Estado de programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, políticas ou ideológicas."
O Governo já prometeu apresentar um plano de emergência para o ensino.