Desafio de Montenegro é conseguir "alterar perceção pública" sobre Spinumviva. Caminho pode ser "uma certa vitimização"
Caso o primeiro-ministro perca as eleições, deve "sair pela porta grande e permitir que haja uma nova liderança", considera António Capucho à TSF. Responsabiliza ainda o PS pela crise política
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Luís Montenegro parte fragilizado para uma eleição mais do que provável. É o que considera, em declarações à TSF, o ex-ministro e antigo líder parlamentar do PSD António Capucho, que teme uma abstenção elevada.
Não sei como é que o eleitorado vai reagir, mas o meu receio, sinceramente, é que o eleitorado não reaja: fique em casa.
Primeiro, não dá como certo que o atual primeiro-ministro em gestão consiga "alterar a perceção da opinião pública" em relação às dúvidas que pairam sobre a Spinumviva. O caminho pode ser, admite Capucho, "uma certa vitimização, dizer que deu todas as explicações".
Caso o PSD saia derrotado na previsível ida às urnas, o ex-ministro tem poucas dúvidas sobre o que deve fazer Luís Montenegro: "Quem perde, seja Luís Montenegro, seja Pedro Nuno Santos, normalmente pensa com os seus botões: ‘Bom, se perdi, é preciso agora sangue novo no partido.’ Sai pela porta grande e permite que haja uma nova liderança."
Questionado se era o que faria se estivesse no lugar de Montenegro, responde: "Em princípio, sim."
Capucho considera ainda que a crise política era evitável e responsabiliza o Partido Socialista (PS), que "podia perfeitamente ter-se abstido". "Esse voto em nada conduzia à interpretação de que apoiava o Governo. Podiam continuar a ser oposição e, por outro lado, não caía a hipótese da comissão de inquérito", justifica.
Contudo, reconhece também que o Executivo "podia" ter retirado a moção de confiança e propor que a CPI durasse 15 dias "não fez qualquer sentido". Por sua vez, "não há nenhuma razão objetiva" para o PS ter recusado o prazo de 80 dias.
Por isso, defende que o partido liderado por Pedro Nuno Santos cometeu "um erro crasso".

