O advogado de Avelino Farinha garantiu que o líder do grupo AFA está disponível para deixar "tudo claríssimo".
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Raul Soares da Veiga, advogado de Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA e um dos três detidos na investigação por suspeitas de corrupção na Madeira, revelou que os três detidos vão ser ouvidos no primeiro interrogatório judicial no sábado às 10h00. No caso particular de Avelino Farinha, o advogado garante que o cliente está disponível para deixar "tudo claríssimo".
"Para que não haja nenhum equívoco. Vai-se ver que aquilo que parece não é. As declarações serão amanhã, sábado, a partir das 10h00. Só temos o que foi entregue na altura das buscas. A apresentação do Ministério Público vai-nos ser agora entregue pelo juiz, a seguir ao almoço", explicou aos jornalistas, à saída do tribunal, Raúl Soares da Veiga.
Na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em vários zonas do continente, foram detidos o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas, segundo disse à Lusa fonte da investigação.
No âmbito deste processo, foi ainda constituído arguido o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), tendo a sua residência particular e a Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional (PSD/CDS-PP), sido alvo de buscas.
O líder do executivo da Madeira recusou demitir-se e admitiu na quinta-feira pedir o levantamento da imunidade de que goza enquanto conselheiro de Estado.
De acordo com o MP, existe um "relacionamento privilegiado, caracterizado por uma grande proximidade e informalidade" entre Miguel Albuquerque, Pedro Calado e Avelino Farinha. Acrescenta o MP que, no âmbito desta relação, Pedro Calado "atuou, e ainda atua, como denominador comum aos outros suspeitos", agindo como "intermediário, de modo a acautelar os interesses do grupo AFA junto do Governo Regional e do município do Funchal".
O MP indica inclusivamente que terão existido "interferências" de Miguel Albuquerque em matérias da esfera municipal, bem como tomadas de posição de Pedro Calado em questões de natureza regional, nomeadamente em temas que envolvem os interesses de um conjunto de empresários da Madeira.