Para o deputado socialista, o encontro deve servir para debater os acordos à esquerda e o diálogo à direita. Até agora, sublinha, o Governo liderado pelo PS "funcionou como uma maioria em bloco".
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Eurico Brilhante Dias, deputado e atual membro da Comissão Política do PS, defende que o Congresso do PS deve servir para que o partido clarifique o relacionamento à esquerda - com o Bloco de Esquerda e o PCP -, mas também à direita - com o PSD e o CDS.
Ouvido pela TSF, o antigo conselheiro de António José Seguro para os temas económicos considera que os socialistas devem fazer o debate sobre estes temas com brevidade e enquanto o partido está no Governo.
"A discussão sobre este acordo [à esquerda], o nosso relacionamento com os partidos à direita - e com que partidos à direita e com que bases programáticas dos partidos à direita - e a reflexão sobre o papel central do PS no espetro eleitoral português é uma discussão que, seguramente, devemos fazer", afirma.
Eurico Brilhante Dias diz que é preciso acautelar o futuro e uma eventual derrota eleitoral, sublinhando que será mais difícil para o PS fazer esse debate quando estiver na oposição.
"É mais fácil fazermos essa discussão neste quadro do que fazermos uma discussão depois de uma ressaca eleitoral em que o PS - por várias razões que podem vir a acontecer no futuro e quanto mais longe melhor - regresse à oposição", argumenta.
Assim, o deputado considera que o debate deve ser feito já durante o 21º. Congresso: "Se não o fizermos, estamos a empurrar com a barriga".
Olhando para os primeiros seis meses de governação, Eurico Brilhante Dias, um dos muitos socialistas que manifestaram algum ceticismo em relação aos acordos entre PS, PCP, BE e PEV, admite que maioria parlamentar de esquerda tem cumprido a sua função, apesar de desentendimentos pontuais.
"Este Governo PS funcionou como uma maioria em bloco. Não estamos sempre de acordo, pontualmente o PS não vota da mesma forma que o PCP, BE ou PEV, mas isso, no essencial, não tem feito com que se tenham encontrado escolhos significativos naquilo que é a execução do programa de Governo".
Eurico Brilhante Dias rejeita ainda que a maior proximidade com PCP e BE seja um entrave a que o partido possa alcançar maiorias absolutas em futuras eleições.
"Este acordo não tem porque cercear a possibilidade de o Partido Socialista ambicionar no futuro ter uma maioria absoluta. De todo", defende.