Da esquerda à direita, Vítor Constâncio está a ser criticado. O vice-governador do BCE disse que se a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif lhe pedisse para ele prestar depoimento, ele não viria.
Corpo do artigo
Há uma semana, o CDS apresentou no Parlamento um requerimento para chamar o Governador do Banco de Portugal, o ministro das Finanças e Vítor Constâncio à Comissão de Inquérito, em causa estavam as informações de que o ministério das Finanças e Constâncio intervieram no sentido de agilizar o processo pelo qual o Banco Santander ficou com o Banif.
Já esta tarde e em conferência de imprensa, Vítor Constâncio disse que o Banco Central Europeu não tem que responder ao Parlamento português. O Vice-presidente do BCE sublinhou, contudo, que a instituição não recebeu qualquer pedido para ir à Comissão de Inquérito ao Banif.
Do lado dos partidos, a primeira reação chegou do PSD. O deputado Carlos Abreu Amorim, que faz parte da Comissão de Inquérito, diz que são "declarações lamentáveis" por parte do vice-governador do BCE e que a atitude de Vítor Constâncio é "arrogante e incompreensível".
João Almeida, deputado do CDS, diz que vai aguardar a resposta formal de Vítor Constâncio à comissão parlamentar de inquérito, considera, no entanto, que nesta matéria não há que esperar e por isso o CDS entrega já hoje no Parlamento Europeu um conjunto de perguntas sobre o dossier Banif.
À esquerda, Miguel Tiago do PCP considera que é preciso esclarecer antes de mais se a convocatória da comissão parlamentar de inquérito ao Banif seguiu para Vítor Constâncio e garantir, caso não tenha seguido, que seja enviada. O deputado comunista diz ainda que a resposta que Vítor Constâncio deu hoje não lhe parece válida.
Para o Bloco de Esquerda, a resposta de Vítor Constâncio, estando enquadrada do ponto de vista legal, está em linha com a arrogância das instituições europeias. Mariana Mortágua diz "embora o BCE não tenha obrigação legal de responder a uma comissão de inquérito, isso não quer dizer que não tenha o dever institucional e político de responder". Para a deputada, "enquanto cidadão português, Vítor Constâncio tem de obedecer a leis de Portugal que exigem que os cidadãos portugueses respondam a uma comissão de inquérito".
João Galamba, deputado do PS na comissão de inquérito, lamenta o que considera ser uma regra disfuncional.
O socialista sublinha que "não há nenhuma recusa pessoal de Vítor Constâncio, no entanto é uma questão institucional que parece disfuncional" já que "apesar das decisões, e de haver responsabilidades europeias, elas são partilhadas, não com o com o Parlamento Europeu, mas sim com os parlamentos nacionais".