Discurso de bombeiro no 10 de Junho: Marcelo quis dar voz "a quem conhece o sofrimento" da tragédia de 2017
O chefe de Estado destaca que queria fazer uma cerimónia "diferente". Rui Rosinha "falou do fundo do coração, mas disse o que as pessoas pensam"
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Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se, esta segunda-feira, orgulhoso da opção que fez para as comemorações do Dia de Portugal em Pedrógão Grande. O chefe de Estado acredita que fez uma escolha digna ao preferir dar voz ao bombeiro Rui Rosinha, que ficou gravemente ferido no combate aos fogos e que pediu para que o interior do país possa ter uma atenção que não fique apenas pelas palavras.
"Neste Dia de Portugal, aproveitamos o foco desta celebração para, na presença do Governo e representantes da oposição, apelar a um compromisso sério com estes territórios de baixa densidade", afirmou Rui Rosinha, em Pedrógão Grande, na cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Perante o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, membros do seu Governo e representantes de partidos na oposição, Rui Rosinha pediu uma "séria e verdadeira coesão territorial, social e estrutural, e não apenas medidas em papel sem concretização efetiva".
O Presidente da República aplaudiu o apelo de Rui Rosinha e considerou que o bombeiro falou com o coração, mas fez um discurso de quem sabe o que foi e continua a ser o sofrimento que os incêndios de Pedrógão Grande representam.
"Eu escolhi não haver Presidente da Comissão, ser diferente e deixar falar alguém que sofreu, sofre e conhece o sofrimento da há muitos anos. Deixou muitos recados a toda a gente, como era necessário. A ideia era ser diferente, porque a situação é diferente, tinha de ser alguém do povo, alguém dos bombeiros, alguém daqui, alguém que ficou gravemente ferido e que recuperou em parte, e que, portanto, fala do fundo do coração, mas diz o que as pessoas pensam", referiu Marcelo.
O chefe de Estado escolheu para palco destas comemorações três concelhos do distrito de Leiria afetados pelos incêndios de 2017 - Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera - e Coimbra, onde terão hoje à tarde início as celebrações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões.
