Do "inconseguimento" ao "problema é deles": momentos polémicos de Assunção Esteves na AR
Ao longo dos anos em que esteve na presidência da Assembleia de República, Assunção Esteves teve alguns momentos polémicos. Queixou-se dos "carrascos" e sobre a contestação que a frase motivou, soltou um "paciência...". Mas houve outras polémicas.
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A polémica com os "carrascos" foi em 2013. Assunção Esteves não gostou de uma série de protestos na Assembleia da República e depois de mais um em que foram muitos os gritos, Assunção Esteves afirmou que "não podemos deixar, como dizia a Simone de Beauvoir, que os nossos carrascos nos criem maus costumes". A escritora francesa usava essa frase quando escreveu sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial, referindo-se à opressão nazi.
Sobre o facto das suas declarações estarem a ser muito criticadas, principalmente nas redes sociais, respondeu: "Paciência".
Um ano mais tarde, uma nova polémica. O país comemorava o quadragésimo aniversário do 25 de Abril. Os militares queriam aproveitar a ocasião para discursar no Parlamento. Assunção Esteves respondeu-lhes com autoridade: "o problema é deles", disse. Entre os críticos dessa resposta esteve que Marcelo Rebelo de Sousa que sublinhou que "esses "deles" são a razão de ser dela ser presidente da Assembleia da República, não são uns eles quaisquer".
Mais recentemente uma entrevista que deixou muita gente perplexa. Era Natal e a Rádio Renascença queria saber sobre os seus desejos e receios para 2014. Foi falando sobre os medos que Assunção Esteves falou dos "inconseguimentos".
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A segunda figura de Estado revelou ter "sempre um receio humano de não conseguir. O meu medo é o do inconseguimento, em muitos planos: o do inconseguimento de não ter possibilidade de fazer no Parlamento as reformas que quero fazer, de as fazer todas, algumas estão no caminho; o inconseguimento de eu estar num centro de decisão fundamental a que possa corresponder uma espécie de nível social frustracional derivado da crise."
Antes de tudo isto a polémica foi outra. Não com frases mais ou menos conseguidas, mas com ordenados. Novembro de 2011. Assunção Esteves era ainda há pouco tempo a presidente da Assembleia da República e tinha que fazer uma escolha.
Ou optava pela pensão de 7.255 euros pelos dez anos de trabalho como juíza do Tribunal Constitucional ou então escolhia receber 5.219,15 euros pagos a quem ocupar o cargo de Presidente da Assembleia da República.
Assunção Esteves fez as contas e decidiu abdicar do salário e ficar com a pensão de 7.255 euros. Não abdicou, no entanto, do direito a ajudas de custo no valor de 2.133 euros.
Reformada aos 42 anos, este assunto foi mais um que gerou muita contestação. Na altura em que se aposentou, os juízes do tribunal constitucional beneficiavam de um regime muito favorável. Podiam aposentar-se com 12 anos de serviço, independentemente da idade, ou com 40 anos de idade e dez anos de serviço.
Assunção Esteves despediu-se hoje da Assembleia da República.