Do orçamento retificativo do PS à saída da UE que "não está no programa" do PCP. Paulo Raimundo no Fórum TSF

Paulo Raimundo
Reinaldo Rodrigues/Global Imagens (arquivo)
Paulo Raimundo acredita que a CDU vai conseguir eleger mais deputados a 10 de março, apesar dos fracos resultados das sondagens.
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Em duas horas de debate com os ouvintes do Fórum TSF, Paulo Raimundo não fechou a porta a uma nova geringonça, mas nota que as promessas eleitorais do PS só são exequíveis com um Orçamento retificativo. O aumento de salários e de pensões é a base do PCP para a próxima legislatura, num programa eleitoral que não comporta a saída do Euro (mas Raimundo quer que se inicie a discussão sobre o assunto).
Paulo Raimundo não tem dúvidas de que o país vai precisar de um Orçamento retificativo para acomodar as promessas eleitorais do PS. Entrevistado por Manuel Acácio, no Fórum TSF, o comunista foi questionado sobre uma nova geringonça, já depois de ter dito que “nem sim, nem não”, mas aproveitou para responder às promessas eleitorais de Pedro Nuno Santos. Raimundo coloca dois caminhos: ou são só promessas, ou o PS tem de avançar com um orçamento retificativo.
“Hoje são as promessas e amanhã é a fase de justificar porque é que não se podem cumprir as promessas que estão a ser feitas. Ou porque há guerra, ou porque há inflação ou porque o Mar Vermelho está entupido. Há sempre justificações para que a fatura suba para nós e os lucros sobem para os grandes grupos económicos”, disse.
Para Paulo Raimundo, se as promessas do PS “forem para cumprir, exigem obrigatoriamente um orçamento retificativo”. Caso contrário, “servem só para ficar bem na fotografia”. O comunista desafia ainda os eleitores a darem votos à CDU para que as próprias promessas socialistas acabem por ser concretizadas.
“Queremos aumentar o número de votos e o número de deputados”
Para o PCP, o aumento dos salários “é fundamental”, desde logo, a subida do salário mínimo que deve aumentar para os mil euros já neste ano. Também as pensões, de acordo com os comunistas, devem subir 70 euros. Paulo Raimundo afirma que há dinheiro, o problema está na distribuição.
“Não menosprezamos a dificuldade nem achamos que é só estalar os dedos e já está. Mas qual é a alternativa? A política dos baixos salários já lá vai. O primeiro passo a dar é o aumento de 15 por cento para todos os salários e que nenhum trabalhador em 2024 ganhe menos de mil euros”, acrescentou.
Apesar dos resultados nas sondagens, Paulo Raimundo acredita que a CDU vai conseguir eleger mais deputados a 10 de março. Nesta altura, os comunistas contam com seis lugares na Assembleia da República.
“Queremos aumentar o número de votos e o número de deputados. E não é para ficarmos todos contentes e agitarmos bandeiras. Temos a certeza de que mais votos e mais deputados para a CDU são fundamentais para continuarmos a exigência e as respostas que são necessárias dar”, apontou.
Saída da UE “não está no programa” do PCP
Depois de a questão ter entrado no debate com André Ventura, Paulo Raimundo esclarece que a saída da União Europeia (UE). não está inscrita no programa eleitoral do PCP. O partido defende, no entanto, que o país deve abrir uma discussão sobre o assunto.
Os comunistas entendem que o crescimento económico de Portugal “está amarrado” à moeda única e nos últimos 20 anos de Euro “foram 20 anos de estagnação económica”.
“Não está colocada no nosso programa a saída da UE. O que podemos dizer é que se tivéssemos de optar entre o país e a UE, o posicionamento do PCP é claro: optaríamos pelo país. Quem acha que a adesão ao Euro não traz dificuldades e constrangimentos para o país, ou está enganado ou apoia esses constrangimentos”, disse.
Paulo Raimundo afastou também “os cenários macroeconómicos de que vai ser tudo maravilhas nos próximos anos”. O Euro “traz amarras” de que o país “se deve libertar”, caso contrário, “não vai ser possível dar respostas”.