Dois Estados, dois lados: reconhecer a Palestina para uns é "traição", para outros não basta
Como o Governo de Luís Montenegro está a ser "limitado e enganoso" nas suas ações para travar o genocídio em Gaza e as "dezenas" de casos antissemitas em Portugal — "há dois anos, eram basicamente inexistentes". Assim foi o Fórum TSF desta segunda-feira
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Portugal ter reconhecido o Estado da Palestina é uma "medida simbólica" que não acabará com o "genocídio" daquele povo. Mesmo sendo um passo "limitado", já mereceu a "proclamação de alegria por parte dos líderes do Hamas". São dois lados que vivem profundamente divididos, como ficou patente na discussão no Fórum TSF desta segunda-feira.
Shahd Wadi, escritora palestiniana a viver em Lisboa desde 2006, defende que este reconhecimento não passa de uma "medida simbólica". Para travar "os crimes em toda a Palestina colonizada", são necessárias "ações concretas e tangíveis", tais como "o fim das relações comerciais" e o "embargo de armas".
Nesta linha está também Carlos Almeida, vice-presidente do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente. As críticas são dirigidas ao Governo de Luís Montenegro, já que este é um passo "tardio", "limitado" por "ignorar o genocídio que o povo enfrenta" e "enganoso" porque "não reflete uma mudança fundamental na política portuguesa relativamente ao assunto".
Por sua vez, José Ruah, da direção da Comunidade Israelita de Lisboa, mostra "preocupação" pelo "aumento do antissemitismo nos países da Europa, incluindo em Portugal". Por cá e "há dois anos", a discriminação aos judeus "era uma coisa completamente marginal, basicamente inexistente e sem um registo que valesse a pena manter" e, atualmente, "há ações antissemitas às dezenas por dia, todos os dias". Para o mesmo representante, a justificação é simples: a "ação extemporânea" de reconhecer a Palestina está a "incrementar" este tipo de ações.
Já Madalena Barata, presidente da Associação Lusa Portugueses por Israel, não estava à espera desta "traição" por parte do Executivo português, que já levou a uma "proclamação de alegria por parte dos líderes do Hamas".
Portugal reconheceu no domingo formalmente o Estado da Palestina, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que deixou um forte apelo ao cessar-fogo, à libertação dos reféns e ao restabelecimento da ajuda humanitária em Gaza.

