No habitual comentário na TSF, Manuela Ferreira Leite regressou ao tema dos drones, que considera ser "um assunto da máxima importância" em termos de segurança. A ANAC registou 37 incidentes em 2017.
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Manuela Ferreira Leite considera que não há "qualquer espécie de sintoma que o assunto está a ser devidamente acompanhado e considerado de grande risco por parte das autoridades", apesar do "risco que se corre com a violação de regras que devem presidir à utilização dos drones, que é uma prática que está cada vez mais difundida, e cujos riscos têm aumentado de ano para ano".
A economista sublinha que não é contra os drones e reconhece que podem ter fins importantes como "a vigilância das florestas", mas está "contra o facto de as violações da utilização destes utensílios estar muito rigidamente regulamentada no sentido de impedir quaisquer tipos de acidentes em relação aos aviões, não só civis como militares", mas as violações continuam a acontecer. Em 2015, exemplifica, "houve cinco acidentes ou potenciais acidentes devido à violação das regras. Em 2016, mais do que triplicou, já foram 17. Em 2017, já foram 37 e já envolveu não só civis como um avião militar".
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Manuela Ferreira Leite referia-se aos dados divulgados esta segunda-feira pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) que registou 37 incidentes com drones nas proximidades dos aeroportos, desde a entrada em vigor do regulamento, em 13 de janeiro de 2017, mais do que os verificados nos últimos cinco anos. O regulamento da ANAC, em vigor há exatamente um ano, proíbe o voo de drones (veículo aéreo não tripulado) a mais de 120 metros de altura e nas áreas de aproximação e de descolagem dos aeroportos.
Dos 37 incidentes reportados em 2017 - 36 pela aviação civil e um por um avião militar nacional -, a maioria aconteceu nas proximidades dos aeroportos de Lisboa e do Porto, onde estes aparelhos violaram o regulamento e apareceram na vizinhança, nos corredores aéreos de aproximação aos aeroportos ou na fase final de aterragem, a 400, 700, 900 ou a 1.200 metros de altitude, de acordo com alguns dos relatos das tripulações.
No ano passado registaram-se 22 incidentes com drones nas proximidades do Aeroporto de Lisboa, 11 nas proximidades do Aeroporto do Porto, dois perto do Aeródromo de Cascais, um no Aeroporto da Madeira e houve um avião da Força Aérea Portuguesa, um Hércules C-130, que reportou, em junho, um drone a cerca de 450 metros à vertical de Espinho, distrito de Aveiro, segundo dados a que a agência Lusa teve acesso.
A ANAC diz ainda que ao longo do último ano instaurou 15 processos de contraordenação e reencaminhou nove queixas para o Ministério Público. Apesar do regulamento da ANAC, os sucessivos incidentes com drones nas proximidades dos aeroportos nacionais levou o regulador e o Governo a avançarem com legislação específica. O Governo anunciou na sexta-feira que está em "fase final de elaboração" o decreto-lei que visa estabelecer a obrigatoriedade do registo de 'drones', impõe um seguro de responsabilidade civil e cria um regime sancionatório.
Todas as segundas-feiras, depois das 9h00, Manuela Ferreira Leite comenta os assuntos económicos da atualidade.