Duarte Cordeiro rejeita “submissão” do PS no Orçamento. Temido alerta que Montenegro está a minar democracia
Marta Temido lembrou a escolha de Montenegro para comissária europeia, sem o aval do PS
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Por estes dias há “troca de correspondência” entre Tomar e Castelo de Vide: os jovens socialistas estão no distrito de Santarém, os social-democratas no Alentejo. O antigo ministro do PS Duarte Cordeiro avisa, no entanto, que as rentrées políticas não são um palco de negociação orçamental. Entre várias mensagens para Luís Montenegro, Duarte Cordeiro avisou, desde já, que não haverá “submissão” socialista nas negociações.
Na opinião de Duarte Cordeiro, que veste até sábado o fato de reitor da Academia Socialista, a “troca de correspondência não pode em momento algum substituir aquilo que deve ser feito de forma séria e formal”.
“Portanto, quando nós discutimos, por exemplo, questões como Orçamento do Estado, aquilo que se espera é seriedade, disponibilidade, racionalidade, senão o resultado já todos sabemos qual vai ser e não é preciso que nenhum português tente fazer um exercício de adivinhação”, avisou, numa referência ao chumbo do documento que será apresentado pelo Governo em outubro.
Próximo do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, também Duarte Cordeiro atira as responsabilidades para o lado do Governo. E se em São Bento estão a contar com a “submissão” do PS, o antigo ministro deixa o aviso.
“Eu aceito a ideia de que ainda não tem muito tempo e, portanto, como não tem muito tempo, não tem muita experiência, mas a verdade é que não há outra forma. Não esperam, naturalmente, que seja através do processo de submissão do Partido Socialista que se chegue a algum acordo relativamente a qualquer tipo de negociação”, alertou.
Para consensos, acrescenta Duarte Cordeiro, é necessária responsabilidade e o PS “é um partido responsável”: “Esperamos que, do lado do partido do Governo, também sejam responsáveis”, acrescentou.
Duarte Cordeiro pertence ao secretariado nacional de Pedro Nuno Santos, mas tem estado afastado dos principais palcos da política portuguesa, depois do fim do Governo de António Costa. Rejeitou integrar a lista do PS à Assembleia da República, mas volta agora a ter protagonismo, numa altura em que tem sido apontado à Câmara Municipal de Lisboa, num confronto com Carlos Moedas em 2025.
Temido lamenta escolha de comissária europeia sem ouvir PS
Mais visível tem estado Marta Temido, que esteve na estrada na campanha para as eleições europeias. Garantiu a eleição para Bruxelas e foi a primeira mulher a vencer umas eleições nacionais em Portugal. De junho até agora, há uma mensagem que se mantém, mas o alvo mudou.
“A democracia está em risco. Olhem que está em risco, por exemplo, quando nos esquecemos de ouvir os outros sobre coisas que queremos fazer e nos limitamos a ligar-lhes para dizer que ‘vamos fazer assim’”, disse, numa mensagem para Luís Montenegro, depois do anúncio da nova comissária europeia, sem o aval do PS.
Marta Temido entende que “deve exercitar-se a democracia”, desde logo, “ouvindo e envolvendo os outros para as nossas decisões, deixando o conselho ao atual primeiro-ministro, Luís Montenegro.