Durão Barroso saúda políticas sociais mas crê que austeridade foi "indispensável"
Ex-presidente da Comissão Europeia fala em diferentes ciclos económicos, defendendo que contenção orçamental foi necessária durante a crise.
Corpo do artigo
Durão Barroso congratula a política social que está a ser seguida pelo governo, inclusive na proposta de Orçamento do Estado agora apresentada, mas realça que se trata de uma fase económica diferente daquela que impôs a austeridade em diversos países europeus.
Em declarações à saída de uma conferência na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o ex-presidente da Comissão Europeia foi questionado sobre se fica satisfeito pelo facto de a economia estar a crescer há 19 trimestres consecutivos e por haver disponibilidade orçamental para aumentos na função pública, e concluiu que "isso mostra que as medidas que na altura foram tomadas e que foram muito criticadas tiveram alguns efeitos positivos", referindo-se ao governo de Passos Coelho.
TSF\audio\2018\10\noticias\16\durao_barroso_oe_12h
"Vejo que hoje em dia já há margem para responder a necessidades sociais e congratulo-me com isso, mas uma coisa não invalida a outra, são fases diferentes de um ciclo económico que têm de ser entendidas", explicou o atual presidente do Banco Goldman Sachs International.
Neste sentido, Durão Barroso sublinha que "o país, hoje em dia, que está a crescer mais na Europa é a Irlanda, que aplicou um programa de austeridade extremamente rigoroso", justificando que "há fases na política" que levam a diferentes necessidades. "Eu continuo a pensar que foi indispensável tomar medidas de contenção orçamental quando Portugal estava numa situação de bancarrota", salienta.
"Portugal, Grécia, Irlanda, de certa forma a Espanha, Chipre passaram por situações extremamente difíceis, que acompanhei na Comissão Europeia, onde, se não tivéssemos feito esforços de contenção orçamental, não teríamos tido uma base, como hoje temos, para ter uma política socialmente mais justa", concluiu Durão Barroso.