"É essencial fazer uma crítica radical à União Europeia." CDU critica "nostalgia imperial"
O mandatário nacional da CDU às eleições europeias acusa Bruxelas de "nostalgia imperial", assinalando que a guerra não pode servir para justificar a perda de soberania dos estados europeus
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Duzentas pessoas sem filiação partidária já subscreveram o manifesto de apoio à CDU para as eleições europeias, que se realizam a 9 de junho. O texto, com o título "O 25 de Abril não começou em Bruxelas e o mundo não acaba na Europa", acusa a União Europeia de alimentar o mito da superioridade do ocidente face ao resto do mundo.
Este apelo juntou esta segunda-feira sindicalistas, académicos ou músicos numa apresentação que esteve a cargo de João Rodrigues, mandatário nacional da lista da CDU na corrida ao Parlamento Europeu e professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
João Rodrigues sublinhou que o manifesto "adere, em matéria de política internacional, a um reflexo do mundo multipolar", apresentando, assim, uma alternativa ao que entende ser uma visão eurocêntrica e afastada da realidade.
O economista acusou Bruxelas de "nostalgia imperial", quando, "por exemplo, a presidente da Comissão Europeia faz ralhetes aos países ditos do sul global ou que o representante para a Política Externa fala do resto do mundo como uma selva".
Por sua vez, o documento pede mais diálogo e posiciona-se contra a guerra, "incluindo aquela que foi desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, mas também o genocídio que, neste momento, está em curso na Palestina".
Contudo, para João Rodrigues, a guerra não pode servir para justificar a perda de soberania dos estados europeus, rejeitando o "aproveitamento deste cenário bélico para a constituição de mais um pilar federal agora no campo das indústrias de guerra".
O mandatário acredita, por isso, que "é essencial fazer uma crítica radical à União Europeia em nome de valores partilhados pelos povos europeus" e fez um apelo contra o neoliberalismo: "A integração europeia existente está associada a um processo de democratização que não é neutro do ponto de vista social nem do ponto de vista económico."