"É fundamental termos a certeza de que o primeiro-ministro não ficou a dever favores." Pedro Nuno pede "explicação cabal"
Pedro Nuno Santos destaca que "é fundamental que não fique qualquer dúvida nem qualquer suspeita sobre o primeiro-ministro"
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O secretário-geral do PS defendeu esta sexta-feira que, por "razões de honestidade", o país tem de deixar de "falar numa empresa familiar do primeiro-ministro". "É uma empresa de Luís Montenegro", garante. Pedro Nuno Santos reforça o pedido de uma "explicação cabal" por parte de Luís Montenegro, afirmando ser "fundamental" que o país tenha a certeza de que o chefe de Governo "não ficou a dever favores".
O líder dos socialistas afirma ainda que "nunca esteve em causa o direito a ter uma empresa", numa resposta aos mais recentes comentários de que a atividade profissional não deve excluir a possibilidade de uma atividade na política após a cessação de funções no setor privado, e explica qual é, então, o cerne da questão.
"O que acontece é que, para todos nós, o primeiro-ministro era apenas um advogado. Nós descobrimos entretanto que também era empresário", esclarece, em declarações aos jornalistas no Parlamento, já depois de Montenegro ter anunciado que convocou de um Conselho de Ministros extraordinário para sábado e uma comunicação ao país sobre decisões pessoais e políticas acerca da empresa detida atualmente pela sua mulher e os seus filhos.
Pedro Nuno Santos entende que a notícia divulgada pelo semanário Expresso na quinta-feira, que dá conta que a empresa Spinumviva recebe uma avença mensal de 4500 euros da Solverde desde 2021, é "grave" e "confirma que o PS tinha razão quando fez sistemáticos apelos" para que Montenegro "esse todas as explicações".
Às questões que colocou durante a votação da moção de censura ao Governo, acrescenta mais uma: "Quais são as razões para a explosão da faturação em 2022, ano que em que o primeiro-ministro se afasta da empresa e é candidato à liderança do PSD?"
Pedro Nuno tinha já interrogado acerca dos clientes da empresa, o tipo de serviço prestado e o preço praticado, quem é que presta os serviços na Spinumviva, nomeadamente desde que Montenegro se afastou, e qual o preço pago aos trabalhadores, a fim de se perceber qual é a margem de lucro e para o país ter a certeza de que o Montenegro "não ficou a dever favores".
"É fundamental que não fique qualquer dúvida nem qualquer suspeita sobre o primeiro-ministro", sublinha.
Lamenta ainda que alguns políticos tivessem "desvalorizado o caso", instando-os agora a fazer uma "reflexão", e reforça a importância da "transparência".
Volta, por isso, a pedir uma "explicação cabal" a Montenegro sobre toda a situação, até porque Portugal "não pode" ter um chefe de Governo "sobre o qual não haja uma relação de confiança".
"O primeiro-ministro tem a responsabilidade de recuperar essa confiança e, para isso, não há volta a dar a não ser dar todas as respostas sobre a empresa", assevera.