"É inimitável, muito menos caricaturável." Instituto critica tentativa de colagem de Ventura a Sá Carneiro
A presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro considera que André Ventura está nos "antípodas" do que Francisco Sá Carneiro defendia.
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O Instituto Francisco Sá Carneiro criticou esta segunda-feira o líder do Chega, André Ventura, por tentar colar-se à imagem do fundador do PPD-PSD.
"Porque Francisco Sá Carneiro é inimitável, muito menos caricaturável, repudiamos as persistentes tentativas do líder do Chega em tentar colar-se à imagem e à memória do fundador do PPD-PSD, tentativas essas das quais o discurso por aquele proferido na convenção do seu partido, no passado fim de semana, foi o último exemplo", escreve a presidente do instituto, Maria da Graça Carvalho, em comunicado.
O Instituto Francisco Sá Carneiro considera que é um direito de André Ventura "fazer crescer a base de apoio do seu partido através de um culto de personalidade centrado na sua figura", seguindo "a linha de outros partidos e movimentos populistas, na Europa e no mundo, que lhe servem de inspiração e de suporte, tanto nos atos como no discurso".
No entanto, Maria da Graça Carvalho exige "que não o faça procurando incorporar qualidades, que não tem, de um homem que se encontrava nos seus antípodas".
"Desde logo no campo do respeito pelas pessoas – independentemente das suas origens, crenças, grupos étnicos, orientações sexuais ou condições socioeconómicas. Mas também no campo do primado da verdade sobre a demagogia e a mentira", explica.
E prossegue com o que distingue Sá Carneiro de André Ventura: "Para Francisco Sá Carneiro, o 'eu' nunca foi importante. Basta recordar o que disse num célebre discurso no Vimieiro, em 1976: 'O Partido não é uma pessoa, não é um grupo, não é a sede nacional.' Não obstante, a personalidade que foi Francisco Sá Carneiro merece ser protegida de todas as tentativas de apropriação, em benefício de agendas pessoais, que ponham em causa a sua verdadeira essência e valores e possam conduzir a interpretações equívocas e manipulações da história."
O instituto garante que irá recorrer a "todos os meios ao seu dispor" para garantir a proteção do legado do antigo primeiro-ministro e termina a comunicação com uma citação de Sá Carneiro "perfeitamente adequada, na sua atualidade, aos desafios com que o país e a democracia se deparam": "O que é preciso é que se acabe com os mitos, e que, em lugar de termos políticos vanguardistas que defendem grandes slogans e grandes ideologias, tenhamos vontade de aprender com os portugueses o seu dia-a-dia, os seus problemas concretos e com eles, com a participação de todos, ir encontrando soluções."