"É pior do que os ciganos. Vamos voltar ao fascismo?" O relato TSF do combate de ideias entre mãe e filha ciganas e Ventura
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André Ventura falava aos jornalistas na rua no Sabugal, quando, ao longe, se ouviram apupos e aproximou-se. Maria e Antónia, mãe e filha ciganas, entraram ao ataque no combate de ideias: "Racistas. Você é racista, você é contra nós." O líder do Chega negou a acusação e ouviu uma pergunta: "Qual é o mal que a gente faz?"
André Ventura argumenta que não é uma questão pessoal e dirigiu o ataque a toda a comunidade.
"Eu não a conheço. Estou a dizer-lhe que os ciganos, o que têm neste país, é de cumprir regras e, desculpe lá dizer-lhe, na minha opinião, não têm cumprido e deviam cumprir, porque estão cá há 500 anos", retorquiu.
Maria não se ficou: "Então, mas a gente trabalha, caramba! A gente trabalha!"
E aí começou mais um round da discussão. Ventura pediu para terminar, "senão não é uma conversa", e admitiu que aceita que Maria não goste dele, o que é rapidamente confirmado, mas com mais um acrescento: "Nem você gosta de mim." O líder do Chega diz que a oposição neste debate está "enganada", porque ele "não tem nada de gostar ou não gostar", mas Maria volta à carga e diz que "os mercados sem os ciganos não são nada" e que trabalham "desde as 04h00 até às 15h00, 16h00 ou 17h00". E pagam impostos.
A discussão estava longe de estar acabada. "Nós somos portugueses", disse Maria, ao que André Ventura respondeu: "Não estou a dizer que não são portugueses, mas os portugueses também têm de cumprir regras e não têm de estar sujeitos à violência ou à permanente agressividade por parte da comunidade cigana."
"Não são só os ciganos que fazem violência", replicou Maria a André Ventura, que volta a acusar a comunidade cigana e de aterrorizar os vizinhos nas zonas onde moram.
O líder do Chega generalizou: "Eu não estou a falar só de si. Estou a falar de todos os ciganos." Pelo seu lado, Maria apresentou a própria experiência: "Aqui há muitos ciganos e você pergunte aí à malta aí do Sabugal se os ciganos já se meteram em confusões aqui."
Para o último round, André Ventura chutou para canto. "Se vocês não me quiserem ouvir, eu não estou aqui a fazer nada. Eu não sou cigano", disse, antes da estocada final de Maria: "É cigano, é. É pior do que os ciganos."
Nas declarações no final do combate de ideias, Maria e Antónia não ficaram convencidas: "Ele é mau. Por que é que ele faz isto? Os ciganos não fazem mal nenhum. Ele é um racista, fascista. Vamos voltar para o fascismo outra vez? Querem o fascismo em Portugal outra vez como antigamente no tempo da minha avó? Então, mas o que é isto? Camelo, diabo. Aqui ninguém gosta dele, porque somos todos PSD."
Pelo seu lado, André Ventura destacou o diálogo. "Até é estranho, porque, tanto quanto sei, até há uma comunidade mais forte no Sul. O que eu acho importante, e acho que aconteceu ali, é que houve respeito mútuo. Acho que isso é importante. Não haver agressões, não haver ataques. Haver diálogo e haver discurso", disse no rescaldo.