"É preciso tomar medidas." Eurodeputado do PCP acusa Governo de "ficar de braços cruzados" com fecho da Tupperware
Em declarações à TSF, João Oliveira refere que "é preciso travar a desindustrialização", algo que, para o eurodeputado do PCP, "o Governo não quer fazer". Já o sindicato mostra-se preocupado, uma vez que os funcionários parecem "recear" procurar apoio
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O eurodeputado do PCP acusa o Governo de estar de braços cruzados e de nada fazer para aproveitar o potencial industrial da fábrica da Tupperware, em Constância (Santarém), que vai fechar portas, deixando 200 trabalhadores no desemprego. João Oliveira vai estar junto às instalações, na quarta-feira, para falar com os funcionários.
"Se há ali capacidade produtiva instalada, se havia condições para manter a sua produção, se havia até condições para eventualmente reconverter aquela produção para outras áreas, para outro tipo de produção que correspondesse às necessidades que o país tem, não sendo possível continuar a fazer o mesmo que se fazia antes, é preciso que alguém tome medidas políticas para que isso aconteça", afirma o eurodeputado, em declarações à TSF.
João Oliveira considera que "não é aceitável que o Governo fique de braços cruzados a assistir ao encerramento de uma unidade de produção industrial e, ao mesmo tempo, faça o discurso de que é preciso reindustrializar o país". "O que é preciso é travar a desindustrialização e é isso que, pelos vistos, o Governo não quer fazer", atira.
O sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente mostra-se preocupado com estes trabalhadores. Em declarações à TSF, o dirigente sindical Ricardo Rodrigues afirma que os funcionários parecem "recear" procurar apoio, uma vez que, apesar do contacto estabelecido, poucos foram os que pediram ajuda.
"Os trabalhadores demonstraram sempre muito receio, mesmo antes de ser noticiado o fecho da fábrica. Causa-nos alguma estranheza, mas também é revelador de alguma falta de liberdade que houve sempre em termos laborais dentro da empresa. Houve sempre muitas dificuldades, muita contratação precária, foi sempre muito complicado", explica à TSF Ricardo Rodrigues.
O sindicato "demonstrou a sua disponibilidade para ajudar" os trabalhadores, se "assim o entenderem". "Nós também não podemos obrigar as pessoas a tomar diligências que não sejam da sua própria vontade", sublinha o dirigente sindical.
Questionado sobre se tinha conhecimento do ambiente de receio descrito pelo sindicato, o eurodeputado João Oliveira garante que desconhecia, mas que, muitas vezes, estas circunstâncias vencem por falta de perspetivas.
"Em muitas circunstâncias, trabalhadores amedrontados, resignados e conformados com as dificuldades que lhes são impostas, são também elas próprias o resultado dessa perceção de que nem o Governo, nem poderes públicos estatais se preocupam com a situação em que os trabalhadores estão. Essa situação de resignação e de conformismo resulta de uma falta de perspetiva de que as coisas podem ser diferentes", refere, sublinhando que, "objetivamente, as coisas podem ser diferentes".
"Se houver uma ação política, se houver uma ação governamental, se houver uma ação institucional que dê expressão a essas necessidades e a essas preocupações dos trabalhadores, que identifique as necessidades que o país tem e que enquadre, em cada uma das áreas, a capacidade de produção que precisamos de ter para satisfazer as necessidades nacionais, naturalmente, as coisas também ganham outra perspetiva", acrescenta.
A TSF contactou a presidente da junta de freguesia de Montalvo, onde está localizada a fábrica. Ana Luísa Manique adianta que, esta terça-feira, os trabalhadores da Tupperware vão reunir-se com a direção.
