Eanes defende verificação da "exequibilidade financeira" de promessas eleitorais
Ramalho Eanes considera que o Presidente da República deve pedir toda a informação. "Não é uma crítica. É apenas uma exigência de verdade na relação entre os políticos e a população", explicou.
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Na sessão evocativa dos 40 anos das primeiras eleições presidenciais em democracia, a 27 de junho de 1976, Ramalho Eanes considerou que o Presidente da República (PR) "deve solicitar informação aos governos, aos partidos ou à sociedade civil informação da exequibilidade financeira de algumas promessas eleitorais".
A ideia foi defendida durante a cerimónia, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, em que Ramalho Eanes e Marcelo Rebelo de Sousa trataram de destacar quais os poderes do Presidente da República e a sua importância na defesa da Constituição.
"O PR pode, sem se imiscuir na campanha, perguntar à UTAO se aquilo é possível, se a situação financeira do país permite aquilo", explicou depois Ramalho Eanes aos jornalistas, referindo-se "a algumas promessas eleitorais".
No entanto, o antigo chefe de Estado rejeita tratar-se de uma crítica. "Não é uma crítica. É apenas uma exigência de verdade na relação entre os políticos e a população", esclareceu.
Na cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o perfil de Eanes, eleito a 27 de junho de 1976. Um homem "de caráter impoluto e humilde" que, nas palavras do Presidente da República, soube "engrandecer Portugal além fronteiras" e o papel de chefe de Estado.
O primeiro presidente da República eleito no período democrático recebeu das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique.