Eleições para JS a "ferro e fogo". Bruno Gonçalves sem acesso à lista de militantes, direção pede "respeito pelas regras"
O congresso para a eleição do novo secretário-geral da JS está marcado para 13, 14 e 15 de dezembro
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As eleições para a sucessão de Miguel Costa Matos na Juventude Socialista (JS) estão a “ferro e fogo”, como muitos já previam. O candidato Bruno Gonçalves acusa a atual direção de “falta de transparência” por ainda não ter tido acesso às listas de militantes. Em declarações à TSF, o também eurodeputado admite que ainda nem sabe de quantos delegados precisa para vencer a eleição no congresso de dezembro. O atual secretário-geral, Miguel Costa Matos, garante que tudo está a ser feito de acordo com os estatutos.
O congresso para a eleição do novo secretário-geral da JS está marcado para 13, 14 e 15 de dezembro, os delegados são escolhidos a partir da próxima semana (em dois momentos: 22, 23 e 24 de novembro e 29, 30 e dia 1 de dezembro), mas Bruno Gonçalves entende que o tabuleiro está desnivelado.
“Tentemos fazer o paralelismo a uma eleição nacional, por exemplo, a dos EUA. É o equivalente a uma candidatura, a uma semana e meia da eleição, e já depois de encerrados todos os cadernos eleitorais, não ter acesso a nenhum dos dados. Ou seja, não tem acesso a saber quantas pessoas é que votam, não sabe quantos delegados ao congresso existem. Isto quer dizer que a nossa candidatura não sabe quantos delegados são necessários para vencer o congresso nacional”, explicou Bruno Gonçalves, em declarações à TSF.
Os estatutos da JS indicam que as listagens de militantes apenas podem ser obtidas “no prazo máximo de cinco dias úteis a contar da entrega da Moção Global de Estratégia”. Um documento que Bruno Gonçalves garante que entregou, a 21 de outubro, embora admita que continha irregularidades.
“Entregamos a nossa moção, havia irregularidades a suprir, mas tinham de ser notificadas à nossa candidatura. A Comissão Organizadora do Congresso decidiu que deixava decorrer os cinco dias úteis, o prazo máximo para entregar listagens, para rejeitar liminarmente a nossa moção”, lamentou.
Também em declarações à TSF, o atual líder da JS, Miguel Costa Matos, contraria a versão de Bruno Gonçalves. Foi entregue um ficheiro a 21 de outubro, que continha “apenas um código QR que não funcionava e não procedia para nenhum documento”. De acordo com Miguel Costa Matos, a comissão organizadora “reuniu e determinou que não cumpria os pressupostos formais para ser considerada uma entrega de moção”.
Miguel Costa Matos vai mais longe nas críticas e desconfia que Bruno Gonçalves entregou um ficheiro vazio, “que não existia”, até porque “ao dia de hoje a moção global não foi entregue e, portanto, não há uma candidatura formalizada”.
O candidato Bruno Gonçalves defende-se e garante que o documento “está elaborado e está a ser revisto para que não tenha nenhuma gralha”, antes de ser entregue. Certo é que tudo será feito dentro dos prazos legais.
Costa Matos pede "respeito pelas regras eleitorais"
Na opinião de Bruno Gonçalves, é uma questão de “falta de boa-fé”, que pode manchar a eleição do novo líder da JS. Uma corrida que se faz a dois, entre Bruno Gonçalves e Sofia Pereira (de continuidade face à atual direção), 18 anos depois da última disputa que contou com Pedro Nuno Santos e João Tiago Henriques.
Miguel Costa Matos alerta os candidatos para “não colocarem em causa” as conquistas da JS dos últimos anos. Pede um “processo eleitoral democrático e plural”, mas numa achega a Bruno Gonçalves insiste que “as candidaturas devem manter o respeito pelas regras eleitorais”.