Em Cabo Verde, não há polémica que belisque a visita de Marcelo (e a relação dos países)
No primeiro dia da visita a Cabo Verde, Marcelo passou pela feira do livro da Praia e terminou na Embaixada de Portugal.
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“Cumplicidade” é a palavra utilizada por Marcelo Rebelo de Sousa para descrever a relação entre Portugal e Cabo Verde, que não está em causa apesar da polémica com a reparação das antigas colónias. Também o presidente cabo-verdiano José Maria Neves sublinha que “não há temas tabu em democracia” e os dois países “entendem-se muito bem”.
Em 10 dias, Luís Montenegro visitou Cabo Verde. O presidente cabo-verdiano foi a Portugal e, agora, é a vez de Marcelo Rebelo de Sousa visitar o país africano. Mas, desta vez, o Presidente da República traz consigo a polémica com a reparação histórica das antigas colónias.
Naquela que é a “a décima ou décima segunda” viagem de Marcelo a Cabo Verde, como Presidente da República, e a primeira viagem oficial em 2024, a sensação é que em cada viagem os dois países “dão-se melhor do que da última vez”.
“É mais do que uma mera fraternidade. É uma cumplicidade afetiva total. Total. Isso responde a algumas angústias que por vezes existem: se nos dêmos tão bem no passado, como nos damos no presente e como nos vamos dar no futuro”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na embaixada portuguesa em Cabo Verde e ao lado do homólogo cabo-verdiano.
Marcelo Rebelo de Sousa revela até, em tom irónico, “alguma preocupação”, já que “quando tudo corre a este nível de excelência, começamos a pensar: o que é que pode correr um bocadinho menos bem?”, questionou.
O Presidente da República portuguesa “não encontra nada” e o chefe de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, seguiu a mesma linha de raciocínio, desafiado por Marcelo Rebelo de Sousa a romper o protocolo para que fosse o último a discurso.
José Maria Neves falou diretamente sobre a polémica que está a marcar a agenda política em Portugal, mas, para o Presidente de Cabo Verde, “em democracia não há temas tabus”.
“Não haverá nenhuma tempestade no futuro em relação aos debates que nós podemos fazer. Cabo Verde e Portugal entendem-se muito bem. As relações são excelentes, muito maduras. E de todas as nossas discussões podem ainda sair novas luzes para construirmos um novo futuro”, acrescentou.
Portugal tem de continuar a ser “o país farol” para Cabo Verde, defendeu José Maria Neves, aludindo à relação “madura” ente os dois países.
Ao final do primeiro dia de visita oficial a Cabo Verde, e apesar da discussão em Portugal, não há polémica que belisque a estadia de Marcelo Rebelo de Sousa. São três dias de visita ao “país irmão”, com o ponto alto na quarta-feira para as comemorações dos 50 anos de libertação do campo de concentração do Tarrafal. Participam também o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, e o ministro da Defesa de Angola em representação do Presidente João Lourenço.