Emídio Sousa "não tem rigorosamente conhecimento nenhum na área", escolha "desprestigia" comunidades portuguesas
Ouvido pela TSF, o antigo deputado socialista Paulo Pisco considera que a escolha de Emídio Sousa para a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas mostra que Luís Montenegro usou o cargo como "moeda de troca"
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O antigo deputado socialista Paulo Pisco considera que a escolha de Emídio Sousa para a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas "desprestigia" o cargo e mostra que Luís Montenegro usou o cargo "como moeda de troca".
"Os Governos, todos eles sejam de que partido forem, têm de deixar de utilizar as comunidades portuguesas apenas como um prémio de consolação, ou uma moeda de troca, ou um lugar qualquer para ocupar alguém que não tem conhecimentos suficientes na área das comunidades", defende Paulo Pisco, em declarações à TSF, considerando que "as comunidades têm de valer por si próprias".
A indignação de Paulo Pisco aumenta com a escolha de Emídio Sousa, para novo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas: "Não tem rigorosamente nenhum conhecimento na área. Não tem um percurso na administração autárquica, (...) não se conhece nenhum currículo na área das comunidades portuguesas."
Paulo Pisco acredita que escolhas como esta são como voltar à estaca zero e apela à consciência do Governo.
Quando se escolhe alguém que está longe das comunidades é começar tudo de novo, é fazer com que todo o progresso que eventualmente possa ter sido feito no passado tenha de recomeçar. Isto também significa que as políticas e prioridades devem ser definidas de uma maneira muito consciente e estratégica.
Para o antigo deputado socialista, a escolha de Emídio Sousa "desprestigia" o cargo, nomeadamente pelas polémicas em que esteve envolvido relativas à gestão camarária de Santa Maria da Feira.
"É uma desvalorização, porque não se consegue perceber qual é o critério de se pôr alguém que tem todas essas situações que são muito polémicas, inclusive que podem levar a alguma ilícita natureza penal, espero que não, mas pode conduzir a esse aspeto. Tudo isto não é bom", atira.
Questionado se preferia que José Cesário tivesse ficado no cargo, o antigo deputado socialista sublinha que tem uma visão "radicalmente oposta" e que a questão aqui prende-se com o "potencial gigantesco" que existe nas comunidades.
"Não tinha de ser José Cesario, mas alguém que pudesse ter uma visão para as comunidades e que pudesse verdadeiramente implementá-la sem estar a começar tudo de novo, sem saber o que está a fazer, porque é de tal maneira difícil e é de tal maneira particular ter um conhecimento das comunidades... Demora muito tempo a conhecer as pessoas, as estruturas e todas essas realidades das comunidades", afirma.
Paulo Pisco é um candidato histórico do partido socialista no círculo fora da Europa, mas foi afastado este ano por Pedro Nuno Santos.
