"Era o primeiro interessado." Marcelo diz não querer dissolver Parlamento e lembra Ramalho Eanes
O Presidente tinha referido antes que tem "estado a falar" com o líderes partidários nos últimos dias, garantindo que estes sabem o que pensa
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O Presidente da República sublinhou esta noite, em Lisboa, que não quer uma nova dissolução do Parlamento, lembrando o tempo em que Ramalho Eanes era chefe de Estado e teve três dissoluções. "Era o primeiro interessado" que isso não acontecesse, disse Marcelo Rebelo de Sousa, numa curta declaração aos jornalistas.
Antes, ao final da tarde desta segunda-feira, o Presidente tinha referido que tem "estado a falar" com o líderes partidários nos últimos dias, garantindo que estes sabem o que pensa e que já disse "o que tinha a dizer".
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas após um discurso no âmbito do debate "O 11 de Março, 50 anos depois", no Picadeiro Real, em Lisboa.
O chefe de Estado falava antes das entrevistas que o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, marcadas para a noite desta segunda-feira à TVI/CNN e SIC, respetivamente.
Questionado sobre a necessidade de um último apelo aos dois líderes para um entendimento, o Presidente da República respondeu, sem especificar, que já disse "o que tinha a dizer", que "falou com eles muitas vezes" e que sabem o que pensa.
Sobre se estas conversas ocorreram nos últimos dias - após a crise política e o anúncio de uma moção de confiança ao Governo -, o Presidente da República respondeu afirmativamente, escusando-se a fazer mais declarações.
Na passada quarta-feira, o Presidente da República admitiu eleições antecipadas a "11 ou 18 de maio", no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção, que é debatida e votada esta terça-feira, for rejeitada pelo Parlamento, Marcelo convocará de imediato os partidos políticos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois".
