“Escolas não estão preparadas.” BE pede suspensão de exames e provas de aferição em formato digital
Em declarações à TSF, Joana Mortágua considera que a "desigualdade entre escolas cria instabilidade e ansiedade".
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O Bloco de Esquerda pede a suspensão dos exames e das provas de aferição em formato digital. Em declarações à TSF, Joana Mortágua explica que o partido segue a opinião de quem está no terreno, sublinhando que, neste momento, não há condições técnicas nem humanas para realizar as provas em formato digital.
"As escolas não estão preparadas para este nível de transição digital e isso cria instabilidade. Esta noção de que há uma desigualdade entre escolas cria instabilidade e ansiedade e é mais um fator de disrupção dentro das escolas. Depois, pode criar suspeitas sobre se os resultados dessas provas de aferição ou desses exames refletem as aprendizagens que foram feitas ou se eles são reflexo da desigualdade no acesso aos meios em que essas provas foram efetuadas, nomeadamente os meios digitais", afirma.
Numa iniciativa sobre a educação digital, o BE quer o fim do projeto piloto dos manuais escolares digitais. Joana Mortágua considera essencial que haja uma maior reflexao sobre o tema.
"Outros países que avançaram mais do que nós na transição digital, por exemplo, dos manuais, estão a voltar atrás porque estão a chegar à conclusão de que a introdução de meios digitais demasiado cedo ou o excesso de exposição a ecrãs em determinadas idades é prejudicial para o desenvolvimento de outras competências. Pode ser muito bom para o desenvolvimento de algumas competências digitais, mas depois prejudica competências emocionais, outro tipo de competências motoras, outro tipo de competências intelectuais e, portanto, está na altura de nós pararmos para pensar se a entrada dos ecrãs nas escolas é uma via verde ou se ela tem de ter algumas portagens e alguns pontos de reflexão", explica.
A deputada bloquista pede ainda orientações ao Ministério da Educação sobre a decisão de acabar com os telemóveis nos recreios das escolas.
"É obviamente um mundo novo e esse mundo tem de ser calibrado e por isso é que nós propomos que o Ministério dê orientações às escolas. Há escolas que estão a adoptar boas práticas, por exemplo, proibiram a utilização dos ecrãs nos recreios com belíssimos resultados. Dizem que as crianças voltaram a brincar umas com as outras e as crianças precisam de brincar. Isto não é um cliché, é uma coisa que qualquer pediatra e qualquer cientista que estuda o desenvolvimento de crianças diz. Nós já estamos em condições de ir avaliar essas boas práticas e de pedir ao Ministério que produza orientações com base científica para todas as escolas para que, ao tomar as suas decisões, possam suportá-las em orientações científicas e discuti-las com a comunidade", acrescenta.